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Deloitte assessora IPO da tecnológica norte-americana SAS

A empresa de software prepara-se para entrar em bolsa. “Fomos criados há 46 anos, tivemos empresas separadas em 52 países, com os próprios contratos e responsáveis pela sua faturação. Agora estamos a tentar pôr tudo debaixo do mesmo teto e centralizado. Dá muito trabalho”, diz o CEO ao Jornal Económico.

A tecnológica norte-americana SAS (pronuncia-se sass) está a preparar-se para entrar em bolsa em 2025, depois de 46 anos a criar e vender software longe dos holofotes de Wall Street. É uma das maiores empresas de software privadas do mundo, mas vai deixar de ter este estatuto à medida que traça o caminho para um IPO – Initial Public Offering (oferta pública inicial) no próximo ano.

É a consultora Deloitte que está a prestar assessoria financeira à SAS neste processo, avançou ao Jornal Económico (JE) o cofundador e CEO, em entrevista à margem da conferência “SAS Innovate 2024”, que terminou esta quinta-feira na cidade de Las Vegas, nos Estados Unidos.

James Goodnight – mais conhecido como Dr. Jim Goodnight – disse ao JE que espera que a empresa esteja pronta para abrir o capital em 2025, depois de ter adiado a data que estava inicialmente prevista para o IPO (2024). “Ainda temos algumas questões técnicas nas quais estamos a trabalhar. Na verdade, é o software no qual estamos a trabalhar para nos deixar mais em conformidade com as auditorias trimestrais”, explicou o bilionário de 80 anos.

Segundo James Goodnight, é preciso organizar bem a “casa”, com sede em Cary, na Carolina do Norte. Por esse mesmo motivo, recusa desenhar qualquer estratégia de fusões e aquisições para breve.

“Nós fomos criados há 46 anos, tivemos empresas separadas em 52 países, com os próprios contratos e responsáveis pela sua própria faturação. Agora, estamos a tentar colocar tudo sob o mesmo teto e centralizado. Dá muito trabalho, porque temos mais de 80 mil contratos que precisam realmente de ser uniformizados para corresponder ao software que utilizam”, esclareceu.

Em 2023, a SAS – que emprega 13 mil pessoas – registou um aumento de 8% nas vemdas globais para cerca de 3 mil milhões de dólares (cerca de 2,8 mil milhões de euros). “Ao avançarmos em direção a um IPO, podemos gerar novas oportunidades para que trabalhadores, clientes, parceiros e a nossa comunidade SAS participem no nosso sucesso”, comentou o CEO aquando da decisão de entrar nos mercados de capitais, em 2021.

“Não estou preocupado com o Skynet do Exterminador do Futuro”

Um dos temas principais do evento anual da SAS nos Estados Unidos foi a Inteligência Artificial (IA). Questionado sobre se acredita nas previsões de Elon Musk de que estes sistemas vão ultrapassar a inteligência humana até ao final do próximo não, mostra-se pouco convicto nessa possibilidade, mas admite: “Não sei. Teremos de esperar para ver”.

“Eu não estou preocupado com o Skynet [do filme “Exterminador do Futuro”], que se tornou autoconsciente. Acho que muitas pessoas pensam que é isso. Na verdade, a IA é escolher a próxima melhor palavra a utilizar. Baseia-se tudo no que vem a seguir. Calculam-se todas as probabilidades de computação possíveis de uma palavra seguir-se a outra palavra. É assim que a IA, uma grande máquina de probabilidades, forma frases. Não há pensamento envolvido”, ressalva o CEO da SAS, em declarações ao JE e a dois jornais do Reino Unido e Coreia do Sul.

“A máquina não pensa. E não vejo nenhuma prova de que algum dia seja capaz de pensar. Não sou agnóstico em relação a isto… Até estamos a trabalhar muito na IA para perceber o que se pode fazer mesmo com ela e ajudar os utilizadores que têm o nosso software a escrever coisas em inglês ou noutro idioma qualquer. Português, por exemplo”, afirmou James Goodnight.

Desafiado a comentar a principal mensagem desta última conferência da SAS, prontificou-se a responder: “Velocidade e desempenho que trazemos para cima da mesa”. “Comparado com o software open source [código aberto], somos cerca de 30 vezes mais rápidos. Faz uma enorme diferença quando pagas para usar hardware de outro na cloud. Um dos nossos concorrentes é open source (gratuito), mas não é realmente gratuito, porque vai-te custar muito dinheiro para executar. Portanto, é melhor pagar-nos um pouco adiantado e depois reduzir no custo geral”.

Apesar de o SAS Innovate ser o único evento anual da empresa nos EUA – e o maior – há uma versão mais pequena da conferência que vai percorrer o globo ao longo dos próximos meses numa espécie de tour. O pontapé de saída desta viagem é em Singapura no próximo dia 9 de maio. Segue-se a Polónia, um dos setes destinos na Europa a par com Espanha (Madrid), Alemanha (Frankfurt), França (Paris), Itália (Milão), Países Baixos (Roterdão) e Reino Unido (Londres).

*A jornalista viajou aos EUA a convite da SAS