A Atlante chegou a Portugal há mais de um ano, mas já está de olhos postos na liderança do mercado de carregamentos elétricos. Para já, atingiu a quarta posição, com três empresas portuguesas à sua frente.
A companhia é detida pelos franceses da Nhoa, cotados na bolsa de Paris, que são detidos, por sua vez, pelos taiwaneses da Taiwan Cement Corporation (TCC), que recentemente compraram a cimenteira portuguesa Cimpor.
A sua entrada no mercado nacional foi feita com a compra, por 4,5 milhões de euros, da KLC, empresa de Aveiro que detém e opera uma das maiores redes de postos de carregamento de veículos elétricos em Portugal.
Atualmente, na rede Mobi.E, a EDP lidera com 933 postos, seguida da Galp com 712, a Horizon Distance (detida pela Power Dot), a Atlante (437) e a KLS (284).
“Pessoalmente, quero ser [número um]. Queremos ser uma empresa líder. Queremos entregar Capex, queremos investimento e crescimento. A nossa meta é estar numa posição cimeira, no pódio. Entrámos em Portugal para ser um dos principais players, queremos continuar a crescer”, disse o responsável ibérico da companhia ao JE Giovanni Ravina (à esquerda na foto, ao lado do presidente da Mobi.E Luís Barroso).
“Entrámos em Portugal há um ano com a compra da KLC. Esta aquisição foi uma forma de acelerar o nosso plano. Desde então já instalamos mais carregadores do que eles, investimos mais Capex e instalamos mais de 250 carregadores rápidos no último ano, fomos a empresa que instalou mais em todo o pais”, disse o responsável ibérico da Atlante ao JE à margem da conferência da Mobi.E que teve lugar na sexta-feira, em Lisboa.
Em fevereiro, a REN – Redes Energéticas Nacionais anunciou uma parceria com a Atlante para alavancar projetos de carregamento de carros elétricos a partir das linhas de Muito Alta Tensão. A REN conta com 9.500 km de linhas em Portugal.
O objetivo é desenvolver cinco projetos em Portugal usando estações da companhia transalpina para criar as “primeiras estações de carregamento rápido de veículos elétricos do mundo alimentadas diretamente por linhas de transmissão de muito alta tensão”.
“É uma grande parceria. É uma tecnologia rápida que liga Muito Alta Tensão a Baixa Tensão. Podemos libertar carregadores, e também carregar onde a rede não existe. Se pensarmos em auto-estradas ou localizações como estações de serviço com camiões, onde é preciso potência de megawatts para carregar, isto pode ser uma tecnologia crucial”, explicou o responsável.
Sobre o uso da tecnologia da REN noutros países, disse que o “foco agora é Portugal, começar com um piloto e potencialmente expandir. A criação de grandes estações de serviço com capacidade para camiões… vai ser um grande exemplo para exportar para outros locais. Mas primeiro Portugal e depois talvez expandir internacionalmente”.
A companhia assinou na sexta-feira um memorando com a gestora da rede pública nacional Mobi.E que visa o apoio à “expansão internacional” da companhia portuguesa. “É a oportunidade de termos os nossos carregamentos na plataforma Mobi.E, e é uma opção para carregarem [na rede da Atlante] no outro lado da fronteira”.
O acordo visa a implementação de soluções de interoperabilidade entre Portugal e Espanha, visando melhorar a experiência dos utilizadores ibéricos entre Portugal e Espanha.
Sobre o facto de a TCC ter comprado recentemente a cimenteira Cimpor, o responsável disse que a ideia é “começar a trabalhar” com a cimenteira para “explorar sinergias”.
Historicamente, a Atlante fabrica baterias, e agora fabrica carregadores de carros. A empresa tem o objetivo de criar a maior rede de carregamento rápida e ultra-rápida do Sul da Europa. A meta é instalar em Itália, França, Espanha e Portugal 5.000 pontos de carregamento até 2025 e mais de 35 mil até 2030.
A companhia transalpina também forjou uma parceria com a produtora automóvel Stellantis para produzir carregadores em conjunto.
Sobre novas compras em Portugal, a empresa italiana diz que não está ativamente à procura. “Temos uma plataforma que nos permite crescer organicamente, mas não excluímos boas oportunidades para investir, para comprar. Estamos sempre a olhar para oportunidades de investimentos”.
“Portugal é um mercado-chave para nós. Se as boas oportunidades estiverem lá, o Capex não vai ser um problema. O nosso acionista quer continuar a investir, o dinheiro não é um limite para a nossa ambição”, rematou Giovanni Ravina.