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Construção metálica: o desafio da sustentabilidade e da circularidade

Corrosão, deterioração, oxidação. A investigação e desenvolvimento é a resposta para um dos desafios mais perenes da indústria.

Num contexto geral em que a sustentabilidade passou a ser uma das parcelas mais importantes da equação da construção – nomeadamente da construção com o recurso a metais – a investigação e desenvolvimento (I&D) assume um destaque que nunca antes se verificara. Como explicou Murray Cook, responsável do EGGA, European General Galvanizers Association, o desafio do setor ainda duplo: não apenas encontrar soluções mais sustentáveis, mas também pesquisar formas de ‘salvar’ as construções que foram edificadas no passado, quando as preocupações ainda não tinham chegado à escala atual. A Torre Eiffel serve de algum modo de paradigma. Construída em 1889 para a Exposição Internacional e as comemorações do centenário da Revolução Francesa, era suposto ser uma estrutura temporária. Mas não foi. Foi repintada 19 vezes (um ciclo de pintura de manutenção leva 18 meses e tem um custo médio de quatro milhões de euros), acrescentando à estrutura 40 toneladas de tinta residual, que se tornou necessário remover.
Luciano Rodrigues Ornelas de Lima, da UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro, explicou as circunstâncias que levam o ambiente climático de determinado local a agir sobre as estruturas construídas na sua zona de influência. O Brasil, onde a diversidade climática não é pequena, serve como uma espécie de estaleiro a céu aberto, que permite I&D em tempo real. Luciano Lima percorreu as mais importantes obras que servem de testemunho a esta realidade.
As novas tendências no projeto de pontes metálicas e mistas mereceram a atenção de José Oliveira Pedro, da GRID. Que se deteve nos diversos exemplos de construção – cada um deles exigindo soluções caso a caso, que têm a vantagem de estabelecer uma espécie de ‘jurisprudência’ para casos futuros. Um dos exemplos mostrados mais importantes foi a construção da linha de comboio na Ponte 25 de Abril, que liga Lisboa à margem sul. Prevista desde o início do projeto, a construção da linha de caminho de ferro acabou por ser suspensa por décadas. Os desafios que se colocaram entretanto e que foram vencidos – como sabem milhares de utilizadores diários – foram vencidos e a obra concluída. O desafio das geometrias complexas é neste momento dos mais difíceis – e obrigam na maioria dos casos à utilização de metais em todas as fases de construção.
Um dos segredos da ‘magia’ patrocinada pelos elementos metálicos na construção foi precisamente o tema da intervenção de Jennifer Anna Pazdon, da CastConnex, que investiga especificamente questões de ligação entre elementos – ou, dito de outra forma, as pequenas peças que permitem montar todo o puzzle da ‘magia’. Talvez valha a pena dar uma vista de olhos ao Aeroporto de Estugarda – onde foi projetada uma espécie de floresta metálica que suporta os tetos – para se perceber não apenas até que ponto estão desenvolvidas as soluções técnicas, mas também o quão longe vão os vasos comunicantes entre soluções técnicas e arte pura. O Salesforce Transit Center da cidade norte-americana de San Francisco é talvez ainda mais impressionante. Já a torre de lançamento de foguetões desenhado para a NASA e a ‘bolha’ esférica construída sobre um estádio desportivo em Las Vegas são dois exemplos destacados por Jennifer Pazdon – tremendamente impressionantes na tecnologia por um lado, e recordando as soluções tradicionais que a Lego disseminou há décadas por outro.

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