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Confiança dos investidores europeus em máximos de fevereiro apesar das dificuldades atuais

O índice de confiança dos investidores melhorou assinalavelmente em dezembro, contrariando a expectativa do mercado e sinalizando que a recuperação deve estar perto. Em sentido inverso, a perceção das atuais condições permanece profundamente negativa para ambas as economias.

O sentimento dos investidores europeus tem dado sinais de melhorias e o índice ZEW é o exemplo mais recente: o indicador de confiança tocou máximos de fevereiro deste ano, marcando a quarta leitura seguida em alta e a terceira consecutiva acima de zero, ou seja, representando uma economia em expansão. A melhoria é extensível à Alemanha e deixa antever uma recuperação já no próximo trimestre, apesar de a situação atual continuar a ser profundamente negativa.

O índice ZEW relativo às expectativas dos investidores para a zona euro subiu de forma assinalável em dezembro, chegando a 23,0 depois dos 13,8 de novembro, contrariando assim as projeções de uma queda para 11,2. Na Alemanha, o cenário foi semelhante, embora com uma magnitude diferente: o mercado projetava nova queda de 9,8 para 8,8, mas a leitura de dezembro revelou uma melhoria assinalável para 12,8.

Estes valores são máximos de dez meses no caso europeu e de nove meses para a economia germânica, isto apesar de ambas as geografias continuarem a verificar uma situação económica atual bastante negativa: na zona euro, os investidores até estimam mais deterioração, com o subindicador a cair 0,9 pontos para -62,7; na Alemanha, o subíndice melhorou de -79,8 para -77,1.

Decompondo as respostas dos inquiridos, 37,6% espera que as condições económicas melhorem nos próximos trimestres, enquanto 47,8% não projetam grandes alterações. Os restantes 14,6% temem novas dificuldades e um ambiente desfavorável.

Achim Wambach, presidente do instituto responsável pelo inquérito, vê nesta melhoria um impacto claro das expectativas em torno dos juros diretores. Para o economista e professor universitário, foi determinante o facto de “a percentagem de inquiridos que esperam cortes de juros pelo BCE no médio prazo ter duplicado”, ajudando na perceção dos investidores.

Este é mais um inquérito privado de mercado a dar sinais de melhorias em breve nas economias alemã e europeia, que se encontram atualmente numa recessão técnica em termos formais, embora em termos reais o cenário se assemelhe mais a uma estagnação económica. Já o índice Sentix havia dado pistas nesse sentido e os índices de gestores de compras (PMI) foram novo sinal de que a recuperação pode arrancar já no primeiro trimestre do próximo ano.

“A melhoria no índice ZEW em dezembro confirma que os indicadores de sentimento dos investidores são o ponto positivo na economia alemã e da zona euro. Têm sido os únicos indicadores positivos, mas a melhoria nos PMI em novembro sugere que a maré talvez esteja a virar”, escreve a análise da Pantheon Macro.

Os números reforçam a projeção do think-tank britânico de uma recuperação das economias germânica e europeia no próximo ano, embora permaneçam riscos de efeitos base e de um impacto mais forte do que se estimava causado pela política monetária.

Nota ainda para a subida assinalável das expectativas de inflação para a zona euro: o subindicador saltou 14,5 pontos para -58,2, o que ainda reflete um cenário de profunda desinflação, mas a um ritmo menos expressivo do que nos últimos meses. Esta leitura torna-se ainda mais relevante numa semana de encontro de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), que anuncia a decisão relativa aos juros esta quinta-feira.