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Comissão quer que mercado de capitais absorva 1,2 biliões de depósitos numa década

Maria Luís Albuquerque avisou que vai pressionar os países europeus a adotarem contas de poupança e investimento de fácil acesso. E diz contar com a ajuda dos europeus.

As novas contas de poupança e investimento foram a primeira grande medida de Bruxelas para dar melhor destino aos 10 biliões de euros que nada ou pouco rendem em depósitos bancários. A Comissão acredita que 1,2 biliões podem ser desviados para investimento na próxima década, objetivo descrito como “otimista” pelo próprio executivo europeu.
“Colocar dinheiro numa conta de investimento não deve ser mais difícil do que fazer um depósito numa conta poupança, e deve ser possível a partir de apenas dez euros”, defendeu Maria Luís Albuquerque, comissária com a pasta dos Serviços Financeiros, quando apresentou estas iniciativas no final de setembro, no âmbito da União da Poupança e dos Investimentos.
Entre as várias recomendações feitas, Bruxelas pede que haja incentivos fiscais, avisando que devem ser “simples e bem dirigidos” para que não haja qualquer ambiguidade entre os investidores, o fisco e as entidades que forneçam essas contas.
As contas devem ainda ser “simples, fiáveis e de fácil acesso para os utilizadores” e não devem ser só bancos a prestarem estes serviços — Bruxelas defende que haja um vasto leque de prestadores de serviços financeiros autorizados, incluindo sociedades de investimento, nomeadamente de outros países, para estimular a competitividade e a inovação.
Finalmente, essas contas devem dar oportunidade de investimento em vários produtos, nomeadamente ações, obrigações e fundos de investimento, “permitindo aos cidadãos diversificar as suas carteiras por classes de ativos, emitentes, setores, geografias e perfis de risco”. Excluídos estão os produtos de elevado risco ou complexidade.
A comissária nota que são apenas recomendações, mas diz esperar que os governos as executem. “Estamos a colocar isto do lado dos Estados-membros para que possam implementar”, referiu Maria Luís Albuquerque, que espera “que os Estados-membros tomem ação e consigam rapidamente implementar estas iniciativas no terreno”.
Para que as medidas avancem, a comissária promete “pressionar os Estados-membros a seguir estas recomendações” e pede que os cidadãos europeus a ajudem: “Estamos a tentar comunicar e explicar às pessoas que devem perguntar aos seus governos por que é que não têm acesso a estas contas”
O executivo comunitário inspirou-se em vários casos europeus e mundiais onde já existe este tipo de contas, sobretudo no norte e leste do continente (Dinamarca, Suécia, Finlândia, Estónia, Letónia, Lituânia, Hungria e Eslováquia), mas também em França e Itália, ressalvando que as caraterísticas de cada uma dessas iniciativas foram desenhadas de forma diferente.

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