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CIP pede agenda económica ambiciosa para o Mediterrâneo

Os nove países mediterrânicos que se juntam na organização MED9 querem avançar medidas comuns em várias áreas, nomeadamente no controlo da imigração.

A Confederação Empresarial de Portugal (CIP) enviou uma carta ao primeiro-ministro Luís Montenegro em que dá conta do apelo das suas congéneres europeias, que subscreve, para uma “agenda económica mais ambiciosa” no âmbito do grupo MED9 – que junta os nove Estados-membros que fazem parte da região mediterrânica. É mais uma ‘frente de pressão’ que a CIP abre, e que se vem juntar a várias outras em que a confederação tem vindo a apelar a uma estratégia de ambição pelo crescimento da riqueza – como aconteceu mais recentemente em declarações do seu líder, Armindo Monteiro, comentando o Orçamento do Estado para 2026.
Em comunicado, a CIP adianta que “a carta apela para que Portugal defenda uma posição concertada entre os países do sul da União na cimeira do grupo MED9 que decorre esta segunda-feira na Eslovénia”. O documento, “subscrito pelas confederações empresariais dos Estados-membros mediterrânicos”, apresenta um pedido para “um esforço conjunto para reforçar a competitividade, a coesão e a resiliência da economia europeia” – áreas que têm estado no topo das exigências da confederação. No quadro desta “ambição” estão “a conclusão do mercado único, a simplificação regulatória e a redução dos custos energéticos”, no sentido de “salvaguardar a base industrial” europeia – que faz parte das prioridades da própria União Europeia.
“As confederações dos países do MED9 – Portugal, Espanha, França, Itália, Grécia, Malta, Chipre, Eslovénia e Croácia – defendem a criação de uma estratégia comum do sul da Europa que permita ao bloco atuar com maior influência nas negociações europeias sobre competitividade e financiamento”, refere a CIP. As organizações apelam ainda a que sejam criadas “mais interligações energéticas na região do Mediterrâneo” – área onde a União tem prometido muito e feito pouco. Antes do início da guerra na Ucrânia, a Comissão tinha planos para ligar o bloco à Turquia – e eventualmente a Israel – por via de gasodutos que fornecessem acesso mais direto ao gás natural asiático e que seriam instalados no Mar Mediterrâneo. Com o início da guerra e os problemas daí decorrentes da utilização dos gasodutos Nord Stream (que ligam a Rússia à Alemanha), os planos tornaram-se, segundo os analistas, ainda mais urgentes. Mas, entretanto, nada foi feito – entre outras razões porque parte do financiamento que devia vir dos Estados Unidos foi bloqueado pela administração democrata de Joe Biden.
A carta a que a CIP faz referência surge na sequência da realização, esta semana, de uma cimeira do grupo na Eslovénia – que assegura atualmente a liderança da organização. Da cimeira resultaram dois documentos: a Declaração de Portoroz MED9 2025 e uma declaração conjunta sobre o Médio Oriente, subscrita pelos Estados-membros, a que se juntou o rei da Jordânia – uma das vozes mais audíveis contra a atuação de Israel.
Na conferência de imprensa de encerramento dos trabalhos da cimeira, na cidade de Portoroz, Luís Montenegro sublinhou, citado pela agência Lusa, a relevância da imigração para a coesão social e económica da União Europeia, afirmando que se trata de um “fator de competitividade económica”, mas salientou a necessidade de regulação. “Nós precisamos de mão de obra. Mas só é possível nós alocarmos bons recursos humanos à economia se tivermos uma imigração regulada, se as nossas fronteiras tiverem o controlo que precisamos para integrar” e para combater a imigração ilegal. Montenegro adiantou que os países do sul “estão de acordo quanto à necessidade de implementar pactos sobre a imigração”, porque “vão dar competitividade à economia, com absorção no mercado de trabalho da mão de obra que precisamos e com as consequências que têm de ser implementadas para os que violam as regras”.

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