Os pedidos de novas patentes com integração de inteligência artificial nas redes elétricas cresceram seis vezes nos últimos anos, de acordo com um estudo da Organização Europeia de Patentes (OEP) e da Agência Internacional da Energia (AIE), divulgado esta terça-feira.
A União Europeia e o Japão lideraram a inovação em matéria de redes elétricas no período entre 2011 e 2022, mas em 2022, último ano analisado no âmbito do estudo Patents for Enhanced Electricity Grids, a China emerge como a região de maior crescimento. Passou de 7% do total global de pedidos em 2013 para 25% em 2022, tornando-se a primeira região nesta área tecnológica.
A União Europeia e o Japão são cada um responsáveis por 22% de todas as patentes relacionadas com as redes elétricas e os EUA por 20%. A Alemanha é o país europeu com mais pedidos: 11%, seguida da Suíça (5%), França (4%), Reino Unido (2%) e Itália (1%).
Segundo o estudo, as inovações de software impulsionaram as funcionalidades inteligentes nas tecnologias de redes físicas em 50% entre 2010 e 2022, com as ferramentas de previsão de oferta e procura e o carregamento de veículos elétricos a representarem as duas maiores áreas de crescimento nesta categoria.
O estudo Patents for Enhanced Electricity Grids, liderado pelo português Sandro Mendonça, relaciona o aumento do número de pedidos de patentes de redes elétricas nos países que procuram soluções de inteligência artificial.
"As inovações de software impulsionaram as funcionalidades inteligentes nas patentes de redes físicas em 50% entre 2010 e 2022, com as ferramentas de previsão de oferta e procura e o carregamento de veículos eléctricos a representarem as duas maiores áreas de crescimento nesta categoria", revela o estudo.
As infraestruturas elétricas são um dos domínios tecnológicos de mais rápido crescimento atualmente. Para ilustrar a escala do crescimento, o relatório assinala o período entre 2009 e 2013, em que inovação nas redes elétricas cresceu 30% ao ano, sete vezes mais do que a média de todos os outros domínios tecnológicos. O relatório utiliza dados globais de patentes para mapear a inovação nas tecnologias de redes elétricas físicas e inteligentes entre 2001 e 2022, com base nas famílias de patentes internacionais. O relatório mostra que a dinâmica estabilizou gradualmente, mas os novos pedidos permanecem num nível consistentemente elevado na maioria das principais regiões.
"Ccomo sublinhado no recente relatório de Mario Draghi, para garantir a competitividade económica, a Europa deve assumir a liderança no domínio das novas tecnologias limpas e acelerar a transição energética, afastando-se dos combustíveis fósseis”, afirma António Campinos, presidente da Organização Europeia de Patentes.
O responsável eleogia os "progressos significativos" efetuados, o que, acrescenta, "realça a urgência de investir em redes elétricas mais inteligentes e flexíveis para equilibrar a crescente procura de energia com as fontes variáveis de energia. Este estudo oferece uma visão única das tendências em matéria de patentes, servindo de mapa para a nossa transição para um novo sistema energético”.
Fatih Birol, diretor executivo da AIE, refere por seu turno, que os "os inovadores estão a responder à necessidade de tecnologias de redes mais competitivas e flexíveis, uma questão que é muitas vezes ignorada. Os dados revelam um crescimento encorajador das inovações para expandir e manter as infraestruturas de rede críticas. Este crescimento é atualmente liderado pela China, o que aumenta a pressão competitiva junto de outras regiões. Continuaremos a ajudar os governos a estimular a inovação para transições energéticas seguras e sustentáveis”.