A academia parece continuar a ser o principal berço das empresas de tecnologia para saúde. A startup portuguesa Fastinov, spin-off da Universidade do Porto, nasceu em 2013 dentro de um laboratório e, uma década depois, começou a trilhar o caminho das vendas. Agora, o horizonte é além-fronteiras, após investimentos de sociedades como Armilar Venture Partners, Bynd Venture Capital, Explorer Investments, a neerlandesa Profess NV ou a farmacêutica portuguesa Quilaban.
Em entrevista ao Jornal Económico (JE), o presidente e CEO da Fastinov avançou quais os próximos países, depois da Península Ibérica e Itália: França, Alemanha, Suíça, Reino Unido e República Checa.
Prestes a chegar a estes países europeus está um software e um kit que entrega antibiogramas em apenas duas após o diagnóstico de infeção bacteriana. Em termos mais técnicos, o kit criado pela Fastinov inclui os painéis com uma combinação patenteada de sondas fluorescentes e antibióticos. Depois, a clínica ou hospital integra-o com o programa digital (Biofast), que irá processar os dados de citometria de fluxo (características das células) e emitir o relatório.
“Além de alguns business angels americanos nas fases iniciais, a Fastinov tem tido investimento ao longo do tempo de três fundos de capital de risco. A Fastinov iniciou sua atividade comercial apenas no final de 2023. Esperamos um crescimento significativo este ano à medida que a nossa tecnologia se expande no mercado”, afirmou Nuno Afonso ao JE.
Quais as reais mais-valias desta tecnologia para o sector da saúde?
Além do valor clínico indiscutível na gestão dos antibióticos e suas resistências, nomeadamente em situações de sépsis [também conhecidas como septicemia], temos ainda recentemente identificado as poupanças económicas que esta tecnologia traz ao sistema de saúde. Consoante a situação clínica, a poupança cifra-se nos 1.400 a 2.400 euros, ou mais, por cada doente avaliado com esta tecnologia duas horas AST face às de 48 horas. Estes são ganhos em saúde muito relevantes que estamos a trazer aos hospitais utilizadores desta tecnologia, que deverão representar milhões de euros poupados a cada hospital e ao sistema de saúde em geral. Os dados facultados estão no momento em publicação em conferências internacionais da especialidade.
Em Portugal, onde é que o vosso produto é comercialização atualmente?
Começou a ser implementado em hospitais nacionais de grande prestígio, como o Instituto Português de Oncologia do Porto e o Hospital de Santo António, no Porto. A otimização terapêutica que pode salvar vidas é realizada no turno do diagnóstico de infeção bacteriana grave. As fases de avaliação que antecedem a decisão de compra deste produto prosseguem atualmente em outros hospitais nacionais e internacionais.
Como Espanha e Itália…
Em Madrid já decorreram os ensaios de validação do desempenho que levaram à aprovação regulamentar para comercialização da tecnologia. Já em Sevilha e em outros hospitais espanhóis, têm decorrido as avaliações que deverão originar a aquisição destes produtos. Em Itália, estamos a trabalhar com um distribuidor de prestígio de Milão, indicado por um dos maiores líderes mundiais nesta área, que lidera um dos hospitais no país. Este distribuidor italiano está a realizar a ligação direta ao mercado. A Fastinov irá dar-lhe a formação técnica para depois o distribuidor fazer avaliações e vendas no país com o nosso apoio técnico especializado.
O vosso plano de expansão internacional menciona “outros países europeus, antes de chegar mais tarde aos EUA”. Quais?
Atualmente, está em desenvolvimento um plano de integração desta tecnologia inovadora em França, Alemanha, Suíça, Reino Unido e República Checa, entre outros. O mercado americano será posteriormente um dos nossos principais focos.