"A melhoria do rating do BCP é mais um sinal da profunda transformação efectuada pelo banco e, importante sublinhar, da política de contas certas que Portugal tem prosseguido e que a todos beneficia", quem o diz é Miguel Maya em declarações ao Jornal Económico sobre a subida do rating da Moody's.
A Moody's melhorou o rating da dívida sénior unsecured do BCP de Baa3 para Baa2 e o rating dos depósitos de Baa2 para A3, situando-se o rating atribuído aos depósitos ao mesmo nível do rating da República Portuguesa.
Mas o CEO do BCP não é o único a elogiar a subida do rating dos bancos, também o presidente do BPI, João Pedro Oliveira e Costa, referiu ao Económico que a ação da Moody's "é mais uma confirmação da consistência de solidez que o BPI tem apresentado ao longo da sua história".
"O BPI está no lugar cimeiro em termos de rating entre os bancos portugueses, apresentando um bom equilíbrio entre um crescimento permanente, com ganhos de quota nos principais negócios, e uma gestão de risco prudente, nos vários cenários que tem enfrentado", acrescenta o CEO.
Se os bancos exaltaram a ação da Moody's o Governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, na apresentação do Relatório de Estabilidade Financeira de outono, não se poupou a elogios. “Seis bancos portugueses viram o seu rating melhorar, dois deles estavam já na categoria 'A' e dois deles passaram a ter também a classificação de grau de investimento, o que são excelentes notícias para os bancos portugueses e para a estabilidade financeira”, sublinhou o Governador do Banco de Portugal.
O Governador elogiou a trajetória de consolidação orçamental e a consequente melhoria da notação de crédito por parte das principais agências de rating internacionais, e, a propósito desse facto, destacou a subida do rating dos bancos.
A Moody’s pronunciou-se esta quarta-feira sobre o rating de sete bancos portugueses e melhorou o rating da Caixa Geral de Depósitos, do BCP, do Novobanco, do Santander Totta, do BPI e do Banco Montepio. Mas reafirmou a notação do Crédito Agrícola.
Em comunicado o Santander Totta, o Novobanco, a Caixa, o BPI destacaram a importância da ação da Moody´s tomada esta quarta-feira, e que surge na sequência da subida da classificação, na passada sexta-feira, da dívida pública de Portugal – que teve um “upgrade” de dois níveis, para A3.
A Moody's levou em conta "o continuado progresso no desempenho e nos fundamentais financeiros de alguns bancos, em particular a melhoria dos indicadores de risco dos ativos, os maiores níveis de capital e a forte rendibilidade impulsionada por taxas de juro mais altas".
O que disseram os bancos?
A Caixa destacou que o rating dos depósitos ultrapassou pela primeira vez a categoria Baa1 alcançando a notação A3, a mesma da República Portuguesa. A CGD viu também o rating da dívida sénior subir de Baa2 para Baa1.
O Novobanco diz que o aumento da notação de rating da dívida sénior em dois níveis, é um "marco notável que se traduz no aumento de cinco níveis de rating num período de 7 meses, passando para Ba1 de B3, mantendo o Outlook Positivo".
Por sua vez o Banco Montepio destacou o facto da agência de rating ter subido a classificação pela terceira vez consecutiva. Note-se que, no que diz respeito ao Banco Montepio, a subida do rating dos depósitos passou para o nível de investimento e a notação da dívida sénior não garantida melhorou para Ba2.
A subida do rating Baseline Credit Assessment (BCA) do Banco Montepio para ba2 "reflecte o reforço do perfil de crédito do banco, resultante da contínua redução de risco do seu balanço", diz a agência.
No rating dos depósitos de longo prazo, o BPI e o Santander Totta já estavam na categoria 'A' e subiram um notch para A2 e a CGD e o BCP já estavam em investimento de qualidade (investment grade), mas conseguiram passar a ser classificados na categoria ‘A’ e ao mesmo nível da dívida portuguesa (A3).
Já o Novobanco saiu do “lixo” (investimento especulativo) ao atingir a classificação Baa2.
No que diz respeito ao rating dos depósitos de longo prazo, a CGD e o BCP já estavam no patamar de investment grade (grau de investimento) mas conseguiram entrar na ambicionada classificação ‘A’. O BPI e o Santander já estavam nessa classificação e subiram mais um grau. Já o Novobanco saiu do "lixo" (categoria de investimento especulativo). Por sua vez o Crédito Agrícola permaneceu no mesmo nível.
Quanto ao rating da dívida sénior não garantida no Santander Totta, BPI e Crédito Agrícola, foi mantido, enquanto nos outros bancos foi revisto em alta - com o do Banco Montepio a sair da categoria "lixo".
O Novobanco é o único que mantém um "outlook" (perspetiva para a evolução do rating) positivo, refletindo a perspetiva da Moody's sobre a performance financeira do banco nos próximos 12-18 meses.
A Moody's manteve para os outros seis bancos o "outlook" estável.
O rating é muito importante para os bancos se conseguirem financiar no mercado a preços competitivos.