Abanca angolana tem vindo a fazer um esforço para “arrumar a casa”, fortalecendo o seu balanço para ser capaz de responder aos desafios. É uma aposta dos próprios bancos, mas também uma exigência do regulador que quer que haja uma aproximação às regras internacionais e um trabalho contínuo de robustecimento do sistema que pode passar por mais consolidação num país em que menos de 40% da população utiliza serviços bancários. Um índice baixo de literacia financeira que também afeta o sector dos seguros que representa hoje menos de 1% do produto interno bruto (PIB) de Angola.
“Quando olhamos para a banca e falamos de riscos, tipicamente segmentamos em três componentes principais. O risco de mercado com todas as variáveis tipicamente macroeconómicas que os bancos per si pouco ou nada podem intervir. Depois se olharmos para o outro pilar, que é a liquidez, e para o terceiro, que é o risco operacional, assistimos nos últimos anos a uma preocupação crescente dos bancos em reforçar estas dimensões”, afirmou João Rueff Tavares, diretor da EY Angola, no evento “Doing Business Angola 2024”, organizado pelo Jornal Económico e pela Forbes África Lusófona, num painel que contou também com Carlos Firme, CEO da Fortaleza Seguros.
Existe, “não só do ponto de vista interno, mas também do lado do regulador, uma convergência para dar uma maior robustez ao sector” que é “cada vez mais criterioso nas suas escolhas”, referiu o responsável da EY, notando que há também cada vez maior pressão do regulador” para haver uma “aproximação ao framework internacional de supervisão, o chamado SREP, que está a colocar um stress grande nos bancos”. Este reforço pode passar por um movimento de consolidação.
De acordo com o responsável da EY, existem neste momento 24 licenças ativas. “Se olharmos para o mercado, e tendo em conta uma taxa de bancarização que não chegará aos 40%, podemos dizer que temos demasiados bancos para a população bancarizada. Existirão com certeza oportunidades de consolidação” em Angola.