O presidente Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA), em representação destes oficiais, posiciona-se contra o regresso do serviço militar obrigatório (SMO) e, em entrevista ao Jornal Económico (JE), antevê que teria “custos astronómicos”.
“Nós, em termos prevalencentes, e não tendo uma posição completamente fechada, a posição interna é formalmente contra o serviço militar obrigatório, quer contra o serviço nos moldes que se conhecia, quer no que muito se fala sobre o serviço militar obrigatório. Mas ninguém avança com nenhum modelo”, diz o tenente coronel António Costa Mota.
Segundo o presidente da AOFA, a “introdução do serviço militar obrigatório, seja qual for o modelo, ia ter custos astronómicos”.
Para o presidente da AOFA, o problema com as Forças Armadas é maior do que esse tema que abrange os mais jovens. “Passa-se que o grande problema das Forças Armadas é a questão dos efetivos. Por que é que havia número suficiente militares para cumprir as missões e agora não há? Precisamente porque as condições de atratividade para possíveis entrada nas Forças Armadas são tão más que roçam o ridículo”, vincou.
“Nas Forças Armadas há muitos constrangimentos às pessoas que cá estão. Há deveres acrescidos, as pessoas não têm direito a receber horas extraordinárias. Em média, um militar trabalha cerca de 60 a 80 por semana, um militar pode ser colocado a quilometros de casa”, frisou António Costa Mota.
Na perspetiva do presidente da AOFA, “as forças armadas têm de ser dignificadas em todos os aspectos, não só em termos remuneratórios, mas esse seria o principal”.
Na sexta-feira, o Chefe do Estado Maior da Armada mudou a sua posição quanto ao SMO, defendendo agora a implementação da medida.
“Face à atual situação geopolítica na Europa faz todo o sentido pensar e debater a capacidade de gerar rapidamente recursos humanos para a Defesa de um país em caso de necessidade”, considerou Gouveia e Melo, acrescentando que “noutros países da Europa, o serviço militar obrigatório, ou uma variante deste, tem sido implementado”.
Na semana passada, a Noruega anunciou que estava a aumentar o recrutamento no número de soldados, depois de a Dinamarca ter informado, no mês passado, que pretende alargar o recrutamento às mulheres, assim como um aumento da duração do serviço. Já a Letónia e a Suécia reintroduziram recentemente o serviço militar e a Lituânia trouxe esse regime de volta após a anexação da Crimeia pela Rússia em 2014.