O que podemos esperar da 22ª edição da LAAF - Lisbon Art & Antiques Fair? Desde logo, uma curadoria cuidada dos 35 expositores presentes, cujas peças contemplam períodos tão distintos como a Antiguidade Clássica, a Renascença e os séculos XVII e XVIII, sem esquecer a pintura, escultura, mobiliário, pratas, joalharia e design contemporâneos. Com isto se pretende honrar o mote da LAAF, que se assume como “uma mostra de arte e antiguidades com uma perspetiva abrangente e uma curadoria rigorosa e sofisticada”, realça a organização.
E o que há de novo na edição de 2025? Um artista contemporâneo convidado. Para inaugurar este novo conceito, a Comissão Organizadora convidou Pedro Calapez, que exibirá no átrio da feira quatro obras: Céu Sombrio (2012), Transfondo 04 (2010), Transfondo 26 (2011) e Travesso 01 (2011). Para um melhor enquadramento da obra de Pedro Calapez na LAAF, numa altura em que aproximar o antigo do contemporâneo é um diálogo que ganha cada vez maior élã, o Jornal Económico quis saber como é que o artista vê esse ‘diálogo’ entre as suas obras e as demais presentes na feira.
“Do antigo ao contemporâneo não há progressão. Sendo impossível ignorar o que aconteceu ‘antes’, as obras sucedem-se mas quase se poderia dizer que umas se revêm nas outras. Não podemos esquecer que olhamos e somos olhados. Assim de trás para a frente ou de frente para trás não existe antes e depois, melhor ou pior. Apenas constatamos que algumas obras são interessantes e outras desinteressantes em qualquer época da Humanidade”.
“Daí a convivência natural para mim entre o antigo e o contemporâneo, porque nunca os estou a pôr em competição. E tanto mais intensa será essa convivência quanto as obras em si nos deslumbram ou impressionem”. Mais esclarece que “a antiguidade não confere qualidade. Apenas temos obras boas e más, seja qual for a data em que foram concebidas. Sendo assim acho que o que faço poderá conviver melhor ou pior com o que outros fazem ou fizeram, conforme as afinidades ou paixões que o olhar possa encontrar”, frisa Pedro Calapez.
Na voragem de imagens em que hoje vivemos, importa acarinhar o público interessado em conhecer a arte contemporânea, para este não se perder “em fenómenos em que as imagens e os objectos artísticos representam apenas um valor monetário e serão tanto melhores conforme o valor mais alto que atingem no sistema de compras e vendas”, realça o artista.
“Há que saber olhar”, frisa. “Haverá sempre artistas bons que são esquecidos e maus que são empolados como os melhores. O tempo estabelece e estrutura o que entendemos por processo criativo. Só vendo muito e dando tempo ao olhar permite tornar os amadores em conhecedores”. Uma certeza prevalece. “A arte nada tem a ver com os diferentes estratagemas do mercado”.
Aqui não há competição, há encontros
LAAF : De 9 a 17 de maio, a Cordoaria Nacional volta a ser palco de diálogos entre arte contemporânea e arte antiga. Pedro Calapez é o artista convidado, marcando o arranque de um novo conceito na Lisbon Art & Antiques Fair.
