Agricultura em Portugal é sinónimo de alta tecnologia

Gerir hectares de culturas está ao alcance de um clique sem sair de casa. Se o agricultor precisar de um drone para fazer, por exemplo, uma avaliação agrícola, pode alugá-lo como se fazia com um trator. Também há biofertilizantes em que 70% é matéria orgânica, 2/3 reciclados e nutrientes acalentados e robôs que entram em vinhas estreitas e terrenos montanhosos para as pulverizar.
Na última década e meia, a agricultura protagonizou uma das maiores transformações ao nível da incorporação da tecnologia em Portugal, com a ciência e a inovação a elevarem o sector para um patamar nunca antes atingido.
A Agroglobal, em Santarém, é uma boa montra de como agricultura rima com tecnologia e biotecnologia. Foi aí que em setembro vimos “PRYSM”, um protótipo de robô autónomo desenvolvido pelo INESC TEC em parceria com a empresa Rocha. De pequeno porte e sistemas avançados de localização autónoma, dispõe de um pulverizador de precisão com perceção visual que lhe permite medir a densidade da vegetação e calcular a dose do produto a aplicar em cada planta. Tecnologia pura.
E o que dizer da Seedsight, que acaba de concluir uma nova ronda de investimento de 1,78 milhões de euros!? “Através de tecnologias blockchain, deep learning, inteligência artificial e sensores óticos - explica a CEO, Joana Paiva - a nossa plataforma tecnológica otimiza a identificação das melhores sementes, espécies, origens e fornecedores de cereais, aos preços mais competitivos; ao mesmo tempo que nos dá outras métricas relacionadas com valores-chave na nossa cadeia alimentar, como a rastreabilidade e a segurança”.
Esta startup deeptech incubada na UPTEC – Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto, tornou possível, pela primeira vez no mundo, a análise de sementes e grãos em menos de um minuto. A sua biblioteca de dados online contém as assinaturas digitais de vários tipos de sementes e grãos de cereais, validadas através de análises biomoleculares e biofísicas de baixo custo e em larga escala. Um game changer. Com esta tecnologia, os intervenientes no comércio agrícola - traders, brokers, agregadores de pequenos agricultores, indústria moageira, agricultores –conseguem fazer escolhas mais inteligentes na definição e controlo de grãos adaptados à sua realidade, aumento a sustentabilidade do processo.
O grande foco está no uso eficiente da água e dos restantes recursos, em particular, o solo.
A Fibersight, startup fundada e liderada por Tiago Neves, venceu o Santander X Awards Startup 2024 com um projeto que permite, através de fibra ótica, medir a temperatura e a humidade em milhares de pontos simultaneamente, ao longo de quilómetros de extensão.
Num contexto de alterações climáticas, a rega monitorizada eletronicamente, através de uma aplicação que controla a quantidade de água introduzida numa determinada planta esteve na linha da frente da inovação.
Há 15 anos que a Hidrosoph é um exemplo de como a inovação tecnológica transforma a gestão da água na agricultura, conciliando “eficiência económica, sustentabilidade ambiental e segurança alimentar”. Irristrat®, solução de última geração da empresa, integra dados de sensores no terreno, imagens de satélite, modelos climáticos e modelos de culturas desenvolvidos internamente.
Daniel Ribeiro, CEO da Hidrosoph, diz ao Jornal Económico (JE) que, a partir da Península Ibérica, desenvolve projetos em mais de uma dúzia de países, trabalhando com grupos empresariais que veem na tecnologia e na sustentabilidade fatores-chave da sua competitividade.
A Hidrosoph conta com 28 colaboradores e espera faturar este ano 2,4 milhões de euros, revela o CEO. E aponta outros números do negócio: monitorização de mais de 70 culturas diferentes em cerca de 250.000 hectares, apoiando a tomada de decisão agrícola através de uma rede superior a 60.000 sensores ligados à sua plataforma digital.