A Xpand It foi criada há 20 anos com apenas duas pessoas e em 20 anos, tornou-se numa referência na área de consultoria de sistemas de tecnologia e informação.
De dois funcionários passou 400 colaboradores e passou a estar presente em trinta países num sector que vive um momento absolutamente decisivo na concretização de revoluções tecnológicas que vão do metaverso à incontornável Inteligência Artificial.
A Xpand It terminou 2022 com um crescimento de 18% no volume de negócios e uma faturação de 23,3 milhões de euros. Paulo Lopes, CEO da Xpand It, aborda para o JE as perspectivas para este ano e para a próxima década.
Que perspectivas de negócio para 2023?
Tivemos uma abordagem conservadora para este ano porque trabalhámos com uma base de não crescimento para 2023, principalmente pelo clima de incerteza que sentimos no mercado nacional e internacional, com uma série de variáveis e que tem efeitos mais no médio prazo, depois na própria economia. Ou seja, efeitos não só de curto prazo mas também em muitos dos nossos clientes e em tudo o que são projetos de investimento. Por isso sentíamos que podia haver alguma retração ou algum reação do mercado. Isto foi a perspetiva inicial em janeiro. Agora, temos uma previsão de execução do primeiro semestre e posso dizer que supera bastante as expetativas iniciais. Neste momento continuamos com crescimento a dois dígitos. Prevemos fechar o primeiro semestre já com um crescimento na ordem de 15% pelo menos, e isso quer dizer que o ano está a ser bastante bom em termos de execução e que está a superar as expectativas iniciais.
A pandemia marcou um período de viragem para as tecnológicas?
Certo, diria que este é um fenómeno que também aconteceu em sectores mais tecnológicos. Mas na realidade, tudo o que passa por sectores de tecnologia e, no nosso caso, serviços na área de tecnologia, o impacto da pandemia na realidade foi bastante positivo. Houve um fenómeno de procura de processos de transformação digital das empresas, preparação e alavancagem, modelos de negócio; no fundo, abordagens e processos de transformação digital. Teve um grande impacto nessa aceleração, desse processo. Nos anos de pandemia tivemos um crescimento bastante elevado e em parte isso traduziu-se na evolução que tivemos em 2020 e 2021, que foram bastante superiores a 18%. O grande fenómeno também que aconteceu foi que a nossa área internacional teve um abrandamento por via da pandemia. Não crescemos tão acentuadamente no mercado internacional mas crescemos bastante no mercado nacional. Isto tem a ver com o modelo de internacionalização que estamos a seguir: era extremamente alavancado em termos de marketing e gestão de tudo o que era o desenvolvimento do negócio muito a partir de Portugal. Embora tivéssemos duas subsidiárias fora do país (no Reino Unido e na Suécia) a verdade é que, após a pandemia resolvemos mudar esse processo. Anunciámos a abertura de uma nova subsidiária na Alemanha, onde a abordagem está a ser bastante diferente ao que temos vindo a seguir nos últimos anos no nosso processo de internacionalização. Por isso estamos a contratar estrutura local, maioritariamente estrutura local que tenha capacidade de desenvolvimento de negócio local. Acreditamos num modelo de produção de software mais híbrido. A nossa estratégia está a ser focar a produção no sul da Europa, sendo Portugal um dos países-chave e central. Não fosse a Xpand IT uma empresa portuguesa, 100% portuguesa, vamos continuar, como é óbvio, a apostar bastante em Portugal. Temos também outra subsidiária na Croácia. Aí diversificámos os streams de aquisição de talento e temos o Sul da Europa com mais capacidade produtiva e de execução dos serviços. Depois temos outros mercados bastante interessantes e aliciantes em termos de serviço, como por exemplo o mercado alemão, britânico, os nórdicos entre outros que estão no topo. Possivelmente, nos planos a curto prazo também fazem parte do nosso modelo e processo de internacionalização.
Como se introduziram no mercado alemão?
Isto no fundo tem sempre que ter algum misto de oportunidade e de perceber o momento certo de haver algum movimento. O mercado alemão é bastante aliciante. É um mercado em que tínhamos bastantes clientes nomeadamente no sector bancário. No sector financeiro já tínhamos clientes e projetos de grande dimensão e por isso já o conhecíamos. Claramente, o mercado alemão era um dos principais mercados que tínhamos em estudo, mas existem outros no mercado europeu. Assim que acontecer mais uma vez este alinhamento de oportunidades e de fatores, eventualmente iremos continuar a nossa saga internacional ao nosso processo de construção.
Vivemos um momento definidor do que será o futuro da tecnologia?
Acreditamos que estamos num momento de grande mudança a nível mundial, em que a tecnologia está no centro de toda esta transformação que está a acontecer. No fundo, o que achamos é que a grande diferença para outros dos processos de transformação é que está a haver uma aceleração brutal. Temos uma série de tecnologias que estão a atingir um nível de maturidade bastante elevado. Estamos com uma convergência enorme de uma série de tecnologias que se ouvia falar há alguns tempos, nomeadamente a Inteligência Artificial, entre outras. A robotização, automação, impressão 3D; temos uma série de tecnologias que começam a estar disponíveis com um nível de maturidade muito elevada e com uma capacidade para terem um fator transformacional na sociedade. Tudo isto irá acontecer de uma forma extremamente acelerada e mais uma vez a tecnologia está no centro desta transformação. Os próximos anos serão de grande mudança. Acreditamos que os próximos anos serão de muitas oportunidades para empresas que ajudem as outras organizações a passar por estes processos de transformação digital.
Têm uma abordagem específica para a Inteligência Artificial?
A Inteligência Artificial é algo que já temos muito presente na equipa, desde o momento que abrimos uma valência em 2018, 2019. Temos duas abordagens neste campo: uma área que chamamos de Data Science e depois uma vertente de serviços que usamos através de um determinado tipo de software, nomeadamente frameworks.
Uma das chaves passa por perceber como vai evoluir a tecnologia?
Diria que é a chave do sucesso de uma empresa como a nossa. Para nos diferenciamos, e para trazermos valor para o mercado, temos que estar sempre na vanguarda em termos de tecnologia e de abordagens tecnológicas e de tudo o que são tecnologias emergentes. Estamos permanentemente atentos ao que está a acontecer no mercado mundial.
Este ano a Xpand IT faz 20 anos. Como é que olha para estas duas décadas da empresa?
Com muita nostalgia por tudo que passámos. Começámos numa sala de um dos sócios, com uma estrutura muito pequena e tornámo-nos numa das empresas de referência em Portugal a nível de consultoria de sistemas de tecnologias de informação. Somos hoje uma das referências a nível nacional e isso é um orgulho enorme. Diria que a empresa passou por vários estágios de maturidade normais de qualquer organização e recordo alguns momentos chave. Um momento crucial na Xpand IT foi a primeira grande decisão de internacionalização. Tínhamos muitas dúvidas porque era algo novo apesar de sempre termos tido vários projetos internacionais. Temos bastantes projetos fora de Portugal a nível mundial. A maior parte da produção e da execução destes projetos é em Portugal. Hoje, mais de 90% desses projetos são produzidos em Portugal.
A Xpand It já está em 30 países. Vai haver mais investimento na internacionalização?
Fora do mercado europeu temos atuado em muitos países através de parceiros como a Microsoft e outros. Temos desenvolvido projetos nos EUA, Hong Kong, Quénia, Dubai; por norma, são projetos de grande dimensão. Neste momento estamos focados no sul da Europa: Portugal e Croácia são dois grandes mercados para a Xpand IT.
Como é que se marca a diferença num mercado tão competitivo como o tecnológico?
Focamo-nos na qualidade e excelência do serviço. Preferimos crescer menos mas de forma sólida, não dar passos maiores do que a perna. Temos uma organização ágil que permite a capacidade de nos adaptarmos a novas áreas e tecnologias com uma abordagem diferenciadora