Poucas horas bastaram para Jorge Coelho tomar a decisão que seria o momento definidor da sua carreira política, demitindo-se de ministro do Equipamento Social após a queda de um dos pilares e do tabuleiro da centenária ponte Hintze Ribeiro, em Entre-os-Rios, arrastar para a morte no Douro os 59 ocupantes de três automóveis e de um autocarro. A tragédia de 4 de março de 2001 levou a que nessa mesma noite anunciasse que não tinha condições para permanecer no Governo de que era o principal coordenador, deixando uma frase célebre, e mais vezes repetida do que efetivamente concretizada: “A culpa não pode morrer solteira.”
Terminou assim a fulgurante ascensão política do político e gestor falecido nesta quarta-feira, aos 66 anos, vítima de ataque cardíaco, mas nas duas décadas seguintes Jorge Coelho jamais deixou de ser influente, dentro do seu partido, enquanto conselheiro de Estado, na qualidade de comentador político ou na gestão de empresas, fosse a gigante Mota-Engil ou a Queijaria Vale da Estrela que nos últimos anos montou em Mangualde, sua terra natal.