Mais uma vez, os militares tinham razão: a terceira linha de defesa ucraniana de Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, está a funcionar e – depois de a primeira e a segunda linhas terem sido insuficientes para suster a investida – os russos estão a ter dificuldade em consolidar a ‘zona-tampão’ que queriam manter a sueste da cidade de Belgorod. Esta cidade russa foi repetidamente alvo de ataques oriundos do território ucraniano, e os russos entenderam que a proximidade com Kharkiv seria estrategicamente utilizável para consolidar uma zona-tampão.
Face às dificuldades manifestadas pela Rússia – que de algum modo o alto comando da NATO também tinha antecipado – a Ucrânia lançou mais um périplo internacional (ou europeu) para garantir novas remessas de material de guerra e de munições. A ‘batalha de Kharkiv’ permitiu à Ucrânia demonstrar aquilo que tinha sido difícil ao longo de todo o inverno: os exércitos ucranianos continuam a ter uma prontidão e um grau de eficácia assinaláveis. A questão é psicologicamente importante: qualquer evidência de que a tropa ucraniana possa estar em dificuldade fará esmorecer o esforço internacional de ajuda. Com a ‘concorrência desleal’ da guerra na Palestina em alta, Volodymyr Zelensky preocupou-se esta semana em viajar para alguns países da Europa para assegurar que a resistência ucraniana continua viva. Um desses países foi, aliás, Portugal (ver texto ao lado).