A Uber entra esta segunda-feira, dia 18 de dezembro, no chamado “grupo de elite" de 500 cotadas na bolsa dos Estados Unidos, substituindo a empresa de embalagens Sealed Air Corp. A conquista deve-se ao alcance da rentabilidade e à valorização de quase 150% ao longo deste ano, traz vantagens à aplicação de transportes, embora também possa implicar um senão para os investidores.
“A entrada numa das mais importantes montras de ações globais, senão mesmo a mais prestigiada de todas, o S&P 500, confere à Uber Technologies uma maior visibilidade, beneficiando de uma maior facilidade no financiamento via capitais próprios. Além disso, os investidores que procuram replicar o S&P, serão obrigados a adquirir ações da Uber para as incluir no índice”, afirma ao Jornal Económico (JE) o economista Paulo Rosa.
A receita da Uber nos primeiros nove meses deste ano foi quase 14 vezes menos do que o valor de mercado da empresa e o PER - Price Earnings Ratio foi de 120, cerca de quatro vezes mais do que o PER médio do S&P 500, detalha o economista sénior do Banco Carregosa.
Na opinião dos analistas da XTB, esta entrada permitirá “aumentar a confiança dos investidores na empresa, assim como aumentar o prestígio da Uber, prevendo-se também um aumento do valor das ações da companhia”. “Por detrás do sucesso da Uber está, por exemplo, a expansão que a empresa tem sofrido nos últimos tempos, assim como as margens de lucros que tem oferecido aos seus investidores, que aumentaram bastante desde 2019, altura em que a empresa apresentava perdas”, creem os especialistas.
Segundo Paulo Rosa, apesar desta “maior visibilidade de uma empresa já bem conhecida dos investidores e do público, por si só pode não ser suficiente para ocultar os rácios financeiros relativamente caros da empresa”.
O anúncio desta mudança ocorreu a 1 de dezembro e, no início da sessão bolsista seguinte, as ações da Uber subiram 5%. Questionado sobre as implicações que poderá ter esta alteração, Paulo Rosa disse ao JE que, como a capitalização da Uber está significativamente acima dos números financeiros da empresa, poderá também significar um problema acrescido para os investidores do S&P 500.
“Os investidores que procuram replicar o S&P serão obrigados a adquirir ações da Uber para as incluir no índice, e a capitalização bolsista da Uber de 127 mil milhões de dólares, catapulta-a para perto do Top50 do S&P 500, mais precisamente à volta do 65º lugar, comparável a gigantes da indústria como American Express, Lowe’s e AT&T”, esclareceu.
Em relação às contas, até setembro, o resultado líquido da Uber foi positivo em 1.054 milhões de dólares (966 milhões de euros). No primeiro semestre, a tecnológica de mobilidade urbana apresentou lucros de 237 milhões de dólares (216 milhões de euros), após vários anos de prejuízos, desde a Oferta Pública de Venda (OPV) em maio de 2019.
"A curto prazo, o impacto da adesão da Uber ao índice S&P 500 sobre o preço das ações não é claro, e parece que muito dependerá do facto de o sentimento do mercado não se deteriorar até à próxima segunda-feira. Se for esse o caso, a adesão ao S&P 500 pode dar ao mercado um argumento para realizar lucros – cenário de 'vender as notícias. Por outro lado, a médio e longo prazo, é benéfico para a empresa", conclui a XTB.