O início da Calçada da Glória tornou-se num local de romaria desde o trágico acidente. Turistas e portugueses passam e fazem vídeos e tiram fotografias do Elevador da Glória tombado. E até há turistas que aproveitam para tirar fotografias ou selfies do Elevador que continua inteiro, como observou o JE no local, isto apesar da tragédia ocorrida, das centenas de pessoas no local ou do grande aparato mediático com dezenas de jornalistas nacionais e internacionais. Várias dezenas de pessoas já começaram a prestar a sua homenagem ao deixarem flores no local em memória das vítimas.
OJE questionou vários turistas no local que revelaram a sua preocupação sobre as condições de infraestrutura da capital portuguesa.
Para Melissa Slater, 57 anos, da Nova Zelândia, o acidente é “mau para Lisboa, que é um sítio muito turístico. Espero que daqui resultem mais inspeções e melhor segurança para que não aconteça de novo e as pessoas estejam seguras”, afirmou entre lágrimas, visivelmente comovida com o episódio.
Joline Maas, da Bélgica disse que as autoridades têm de “garantir que estes transportes são 100% seguros para os locais e turistas poderem voltar a usá-los”.
Para Andrés e Daniela, ambos de 27 anos, do Equador, mas a viver em Barcelona, o acidente parece dever-se à “falta de gestão por parte da autarquia. As pessoas estão preocupadas. Se esta parte do sistema de transportes públicos não está a trabalhar corretamente, será que podemos confiar na outra parte?”, questionou Andrés.
Também Alessio, 40 anos, de Itália, que está a visitar a capital com a sua mulher e filho, deixou críticas: “Nem pensar”, respondeu quando questionado se voltaria a andar no Elevador. “Talvez se construírem algo novo para ser mais seguro. A segurança deve estar entregue a autoridades públicas e não privadas, que só olham a dinheiro”, afirmou em jeito de desabafo, tendo viajado várias vezes no Elevador em 2024, quando viveu em Lisboa durante três meses.
Para Lívia, “as pessoas vão pensar duas vezes antes de voltarem a entrar neste Elevador. Era antigo, Portugal tem de pensar em fazer renovações e inspeções de segurança em todos estes equipamentos”, sublinha a jovem de 24 anos que nasceu na Polónia, cresceu na Alemanha, mas agora vive em Portugal.
Já Pavel, do Bangladesh, dono de uma mercearia, disse que o facto de estarmos em período de férias escolares evitou uma tragédia maior, pois há uma escola do 1º ciclo a 110 metros do Elevador da Glória, no Bairro Alto. “A sorte foi que isto aconteceu com a escola fechada. Porque quando está aberta, há muitas crianças a usar o elétrico”, disse ao JE o dono de uma mercearia na zona. “Ainda bem que está fechada, caso contrário, poderiam estar lá crianças”, afirmou, explicando que a sua filha já andou na Escola dos Mártires e que usava diariamente o Elevador nas suas deslocações.
Outros comerciantes na zona contactados pelo JE receiam que o turismo na capital venha a ser afetado pelo trágico acidente.
ParaTiago Bettencourt, dono de uma loja na zona, o acidente vai ter impacto: “quem organiza as coisas vai olhar para isto de outra maneira. As ruas estão um nojo, está tudo uma desgraça. O turismo é só para ganhar dinheiro e não interessa mais nada. Vão ter de começar a pensar em fazer mais manutenção”.
“Os turistas vão começar a olhar para Lisboa com mais algum cuidado. E os preços também já estão tão altos que mais vale ir para outros destinos, porque são mais seguros e oferecem mais garantias”, defendeu.
Por seu turno, Sérgio Madureira, de 67 anos, que tem um quiosque na zona, considera que o acidente “é muito dramático para Lisboa e para Portugal. Vai ter impacto, de certeza. Foi abertura das televisões internacionais, está na capa dos principais jornais de Espanha. É uma catástrofe para Lisboa”.
Turistas exigem mais segurança, comerciantes temem impacto negativo
Comerciantes temem impacto negativo no turismo depois da repercussão mediática internacional. Turistas criticam falta de manutenção das infraestruturas de transporte. Férias escolares evitaram tragédia maior, pois é usado por crianças diariamente nas deslocações.
