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The Legendary Tigerman: “Não queria ficar preso ao passado”

Paulo Furtado já viveu muito. Conhecemo-lo nos anos 90, de guitarra em punho, ladeado por Victor Torpedo, Kaló, André Ribeiro e Toni Fortuna, os Tédio Boys, gangue coimbrão reconhecido pelos concertos orgiásticos e pelo rock and roll afogueado que propagavam. Mas nenhum fogo arde para sempre e, ao fim de uma década, separaram-se. Furtado, por exemplo, reinventou-se como o frontman e evangelista rock dos WrayGunn, ao mesmo tempo que vestiu a pele de The Legendary Tigerman, bluesman e banda de um homem só. Desde então, viveu muitas vidas e bebeu de ainda mais músicas e fontes. Zeitgeist, o disco que agora edita, é outra guinada estética; mas não vai apanhar desprevenido quem tiver prestado atenção ao trabalho desenvolvido pelo músico português nos últimos anos.

Femina é, de certa forma, a primeira coisa que o novo Zeitgeist traz à memória. No álbum de 2009 ouvíamos um homem-tigre diferente, a renunciar ao eremitismo dos primeiros discos a solo e a rodear-se de vozes femininas para imortalizar um conjunto de canções em que explorava diferentes sonoridades. Relativamente novas, vá. Fossem originais ou versões – de Daniel Johnston, de Danzig, de Lee Hazlewood via Nancy Sinatra, etc. – nada do que ali se escutava soava fora de lugar ou era 100% novo. A admiração e a afinidade com os músicos evocados não eram segredos nem causaram surpresa, e as composições originais limitavam-se a trazer para o universo de The Legendary Tigerman sons e referências que já conhecíamos de outras bandas e vidas de Paulo Furtado. Neste disco passa-se o mesmo.

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