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"Talento" português trouxe centro tecnológico da Autodoc para Portugal

O CEO da retalhista de peças para automóveis deu uma entrevista ao Jornal Económico na qual explicou que a empresa está a preparar em Portugal um 'tech hub' que, no futuro, deverá ser o seu maior. O objetivo passa por produzir, em território nacional, tecnologias que forneçam os mercados europeus.

A Autodoc vende peças para carros por via digital e especializa-se no mercado secundário da indústria automóvel, com uma aposta forte no segmento “faça você mesmo” (DIY). Chegou a Portugal em 2023 e é em território nacional que quer instalar o seu maior centro tecnológico, de forma a servir toda a operação na Europa.

Em entrevista ao Jornal Económico (JE), o CEO da Autodoc SE e general manager da Autodoc Portugal, Dmitry Zadorojnii, explicou o motivo da opção pelo mercado português e referiu que a empresa quer crescer no mercado nacional, depois de Portugal ter sido escolhido de entre vários destinos possíveis, como oitava localização da empresa. Para corresponder à expetativa de crescimento, porém, será necessário melhorar ao nível das entregas.

“O nosso 'consumidor-tipo' são pessoas que conseguem fazer algo por elas próprias partes do carro”, explica, deixando claro que é assim que surge o mercado DIY. No entanto, deixa a garantia de que a empresa quer ir mais além. “Uma das nossas maiores ambições é chegar ao mercado business-to-business (B2B), servindo diretamente as oficinas”. Ora, é aqui que surge a ideia de entrar no mercado português.

Com o escritório em Lisboa, a Autodoc expandiu-se para o oitavo país e é aqui que pretende “criar um centro de tecnologia muito forte e indiretamente influenciar o negócio principal com as tecnologias que queremos desenvolver em redor dos mercados B2B e business-to-client (B2C)”. Mas porque motivo a escolha da localização deste tech hub recaiu em Portugal? De acordo com o responsável, foram levados em consideração critérios como “o custo de vida, talento, nível dos salários, clima” e, neste contexto, “Portugal venceu em todos os mais importantes”, sublinha.

“Antes de mais, pela quantidade de talentos” na área das engenharias, num mercado de trabalho que não está lotado, ao contrário do que acontece noutros países europeus. “Não temos a Meta a vir massivamente para Portugal”, exemplifica, sem deixar de descrever a sua visão sobre o mercado laboral nacional. “Há muitos estudantes que são educados em Portugal e outros que vêm para Portugal e o nível de produtos que saem para os mercados, no que diz respeito à tecnologia é muito bom”, refere.

Ter um tech hub em Portugal também permitirá agilizar as entregas, de forma mais imediata no que diz respeito ao mercado ibérico, mas expandindo-se depois para outras localizações. Os maiores locais de produção estão na Alemanha, Polónia e República Checa, ou seja, todos eles longe de Portugal, pelo que a Autodoc também espera gerar melhorias a este nível, reduzindo as distâncias percorridas pelas empresas de logística, de forma a poderem efetuar entregas.

No entanto, a empresa também encontrou dificuldades em território português. Desde logo, questões como o sobreaquecimento do mercado imobiliário e mudanças na legislação têm sido algumas das barreiras encontradas. Em simultâneo, a burocracia também tem gerado atrasos, desde logo ao nível dos certificados necessários para que cidadãos estrangeiros possam entrar no país.

Uma das consequências destes fatores foi a dificuldade para contratar e, para colmatar essa lacuna, a Autodoc nomeou Ana Isabel Sousa como Chief People Officer (CPO). A profissional tem agora a seu cargo a área de Recursos Humanos da firma, não apenas em Portugal, mas em todos todos os mercados a que chega a operação da empresa. É responsável por uma equipa de 125 pessoas

Em Portugal, o crescimento líquido foi em torno de 40 pessoas nos últimos seis meses e a Autodoc continua à procura de pessoal.

Em termos financeiros, Dmitry Zadorojnii, aponta para o objetivo de crescer 10 a 15%, em termos homólogos, nos vários países onde a empresa está presente e Portugal não é exceção. No que diz respeito a trabalhadores, em 2024 a empresa espera contar com um total de 150 em Portugal, sendo que está na calha a abertura de novo escritório.

O CEO explica que pondera contratar na cidade do Porto, inicialmente em regime de coworking, para ter uma melhor perceção da procura existente no mercado. Posteriormente, caso a empresa fique satisfeita com os resultados, poderá instalar um escritório.