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SRS e Union Venture Builders unem-se para apoiar startups. “O empreendedorismo está em reformulação”

A sociedade de advogados e a consultora de empreendedores lançaram um novo programa para tentar centralizar o apoio ao ecossistema, que precisa cada vez mais de uma "visão helicóptero" com menos "iniciativas soltas". As candidaturas abrem esta quinta-feira.

A sociedade de advogados SRS Legal e a consultora Union Venture Builders – também caracterizada de “clube de investidores” pela Crunchbase – estabeleceram uma parceria para apoiar empreendedores a desenvolverem ideias e negócios inovadores e sustentáveis. A expressão chave é mesmo essa: ideia. Mesmo que não seja mesmo uma startup, os advogados da SRS e os peritos da Union Venture Builders estão disponíveis para dar o ‘empurrão’ de que estes projetos precisam a nível de formação e preparação para escalar além-fronteiras.

O programa que resulta desta joint venture chama-se “Union Nest” e tem capacidade para incluir 15 empresas para ideação e incubação através do modelo utilizado no programa interno do escritório - Startup Lab by SRS – com painéis de mentores que procuram passar conhecimento para que se possa transforma uma boa ideia num plano de negócio viável.

“Estamos a conversar sobre isto há um ano. Vimos que havia aqui muitas sinergias e possibilidade de agarrar naquilo que cada um de nós já tinha - de certa forma, um esforço isolado, existem muitos no ecossistema – e verticalizar esse esforço em algo que tem um começo e um fim. Na Union, os projetos são bem trabalhados e bem embrulhados para os investidores. Portanto, chegam aos investidores com um nível de mitigação de risco maior. Esse é o caminho certo”, disse ao Jornal Económico (JE) o advogado Paulo Bandeira.

O sócio da SRS, responsável pela área de venture capital (VC) e startups na SRS, adiantou que as candidaturas abriram esta quinta-feira. “Vamos conseguir fazer aquele passo de seleção dos projetos que vêm para o Startups Lab, canalizá-los para o Builder e escolher aqueles que têm maior potencial para poderem ser depois apresentados a investidores. O Builder é um funil”, comparou.

A ideia é que este acordo possa contribuir para a construção de um ecossistema nacional sólido, dando ferramentas aos inovadores para conseguirem ser bem-sucedidos desde o início. Até porque, na sua opinião, há demasiadas iniciativas de aceleração e investimento de startups, mas não comunicam entre si e acabam por ter o efeito contrário ao que se propõem.

“O empreendedorismo está em reformulação. Nos últimos dez anos houve um crescimento muito rápido, mas aquilo que continuamos a ver muito são iniciativas isoladas que nem sempre comunicam bem umas com as outras. Estamos a tentar corrigir isso com esta iniciativa. Há também outras interessantes a correr, até pela Startup Portugal, para tentar trazer alguma consistência ao sistema, ouvir todos os players através de consulta pública que está a decorrer”, afirma Paulo Bandeira ao JE.

Para tal, há três pilares de atuação: este “Union Nest”, que abrange a fase de ideia e incubação e envolve uma espécie de concurso para ter acesso a esses cursos e contactos com os especialistas do sector, o “Union Builder”, para apoiar a criação e desenvolvimento de startups numa fase mais avançada por via de venture builder (modelo de desenvolvimento de startups à base de inovação aberta) e o “Union Capital” com business angels e sociedades de capital de risco para financiamento/investimento.

As duas últimas etapas – builder e capital – funcionam numa base contínua, enquanto o primeiro (nest) deverá ocorrer duas vezes por ano. “Usamos um modelo de venture builder tradicional com algumas a adaptações. O conceito é trabalhar com equipas de startups para qualificar e melhorar os projetos ou até construir parte dos que não estão construídos para ter uma estrutura empresarial mais sólida e capaz, que, tendencialmente, tem maior potencial de sucesso”, conta o managing partner da Union Venture Builders.

Carlos Mendes diz que a ambição desta dupla de organizações é trabalhar o “mais cedo” possível no projeto. “Se a ideia nos chega má não a aceitamos no Builder. Assim, no Nest, trabalhamos com os fundadores e repensá-la até que fique melhor. O Capital tem uma atividade de construção de comunidade, porque o objetivo é ajudar investidores a ter acesso a projetos estruturados. São 17 ou 18, que investem nas nossas startups e que estão quotidianamente a analisar projetos. Os nossos tickets variam de 100-200 mil euros até 1-2 milhões de euros”, revela ao JE.

A Union Venture Builders tem atualmente uma equipa de seis pessoas, essencialmente da área financeira e com experiência em mentoria, consultoria e reestruturações. Consoante a startup que estão a “assessorar”, direcionam os experts necessários no assunto (blockchain, jurídico, finanças…). "Antes de pensarmos num investimento na ideia, estamos a dimensionar o potencial desse investimento já de acordo com necessidades e processos reais de implementação daquele projeto no mercado, que nos dimensionam o investimento de forma coerente”, diz.

Para Paulo Bandeira, “o ecossistema precisa de alguém com visão de helicóptero, que seja capaz de perceber onde é que estão os pontos fortes e fracos em cada um dos agentes, mitigar os fracos, harmonizar os fortes e, sobretudo, pôr a correr uma espécie de linha de montagem, a funcionar de forma circular, em que se consegue capacitar, fazer investimento, o exit [saída / desinvestimento / aquisição] e depois criar novamente retorno para o ecossistema”.

A previsão é que o programa da SRS Legal e da Union Venture Builders arranque no próximo mês de setembro em formato híbrido com as sessões presenciais na sede da SRS, em Lisboa. Os critérios de elegibilidade? Não são muitos. É agnóstico em termos de sectores, mas precisa que as startups ou os projetos tenham vertente tecnológica e valorizará aqueles que se preocupem com os critérios ESG.