A New Work pertence a um grupo alemão e chegou a Portugal, mais precisamente ao Porto, em 2016. Inicialmente com o nome XING, esta empresa funciona como uma machtmaker no sector do recrutamento, conta ao JE Miguel Garcia, General Manager & VP of Technology da New Work no Porto.
Assim, a New Work conta com quatro marcas principais: a XING, Kununu, Honeypot e InterNations. O objetivo passa por dinamizar a ligação entre empresas e candidatos e assim catapultar o mercado de emprego, dando as ferramentas necessárias aos dois lados da equação.
O grupo terminou o ano de 2022 com um crescimento global de 10% para 313,4 milhões de euros, tendo o escritório em Portugal crescido 20% e registado uma faturação de 13 milhões de euros. Miguel Garcia falou com o JE sobre as perspectivas para este ano.
Quais são as perspectivas para este ano?
Este ano está a ser bastante difícil e desafiador. Contávamos com uma trajetória de crescimento mais uma vez de dois dígitos e muito forte. A verdade é que há, obviamente, as consequências económicas que a guerra tem provocado, também a questão da política monetária e dos juros do Banco Central Europeu, estão a controlar a inflação e naturalmente estão a ter efeitos. As últimas notícias apontam para a recessão na Alemanha, que provavelmente contaminará mais países e portanto, vamos ter de certeza uma realidade mais difícil do que prevíamos no início do ano. Portanto, diria que a ideia este ano é termos um crescimento muito residual, ou seja, na casa de 1% ou 2%. É importante perceber como é que vamos lidar com isto e enquadrar que, mesmo assim, o Porto será sempre uma marca e um ativo muito importante.
A empresa cresceu 10% em 2022 a nível global. O escritório em Portugal está muito dependente dessa evolução?
Está profundamente dependente. Faturamos tanto mais quanto mais produzimos em termos de plataformas, em termos de funcionalidades e outros aspetos. E, portanto, se há um decréscimo ou se há dificuldades, ou se o mercado encolhe na economia alemã, obviamente estaremos sempre obrigados a consolidar e, portanto, os nossos resultados serão necessariamente refletidos no resultado internacional. No entanto, como no Porto temos este reconhecimento de performance e entrega, o que pode acontecer é que tenhamos algumas oportunidades para expandir a nossa ação.
Qual é o propósito das vossas quatro principais marcas?
Temos um conjunto de marcas/produtos que estão disponíveis e que respondem a necessidades ou a uma perspetiva de missão no mercado de trabalho. A nossa missão como grupo é "um trabalho melhor" e temos um conjunto de produtos de marcas que tentam ajudar efetivamente neste sentido. A nossa principal marca é sem dúvida a XING: começou por ser uma rede social profissional muito semelhante ao LinkedIn, mas muito focada no mercado germânico e no mercado de expressão germânica, ou seja, Alemanha, Áustria e Suíça principalmente. Estabeleceu-se como um player muito forte, como maior rede social profissional; a XING é líder no mercado de expressão germânica.
É uma plataforma que permite conhecer o que é uma organização sem ter trabalhado lá. Reunimos um conjunto de informação sobre estas empresas. No fundo, para ajudar as pessoas a tomarem as melhores decisões.
A Kununu, outra marca nossa, é também importante nesse aspeto, porque ajuda a gerir como é que as empresas se posicionam em relação aos seus colaboradores e em relação aos candidatos. A XING e a Kununu, visam muito o lado business to consumer, mas também temos um lado mais business to business, ou seja, também queremos ajudar as organizações e empresas a encontrarem e a reterem o máximo talento, e o melhor talento que estas têm.
Depois temos mais duas marcas, a InterNations que é mais uma rede social de expatriados. Pretende criar comunidades de expatriados para que consigamos ter algum conforto cultural. E a HoneyPot, é uma espécie de comunidade tecnologia para o trabalho de tecnologia. Tentamos criar comunidades de tecnologia onde os profissionais podem conversar uns com os outros e podem envolver-se em atividades profissionais da área.
Esta oferta que apresentam poderia ser trabalhada também para o mercado português?
Não é estratégico. Ou seja, pode acontecer já que estamos a assistir a uma transformação no mercado de trabalho. No entanto, o que sabemos é que conhecemos muito bem os profissionais alemães. Conhecemos muito bem o mercado de trabalho alemão, as empresas alemãs e, portanto, conseguimos ter uma vantagem competitiva. Conseguimos ser melhores que o LinkdIn e outros gigantes como a Google, porque conhecemos bem o nosso utilizador. Temos muita informação sobre eles e sobre o mercado de trabalho e sobre como é que culturalmente as coisas funcionam. É esta vantagem competitiva que podemos alargar. O mercado germânico é gigante e, portanto, temos um potencial muito grande no mercado. Portanto, estrategicamente não pensamos, neste momento, em focarmo-nos noutro mercado.
Qual a razão para abrir o escritório no Porto?
Existe quase um padrão poético da expansão da New Work. Existe em Hamburgo, que é a segunda maior cidade alemã. Também tinha escritórios em Barcelona, a segunda maior cidade espanhola, e depois claramente que em Portugal seria no Porto. Isto é mais uma coincidência do que outra coisa. Mas surge porque na altura a VentureOak estava a trabalhar com alguns clientes muito relevantes do mercado alemão e acabamos por ser recomendados para trabalhar com a New Work. O que levou a que mais tarde nascesse a XING e depois a New Work.
E depois também temos o fator de que existem imensas empresas em Lisboa de tecnologia, consultoria, etc., o que torna um mercado muito mais competitivo e mais saturado do que o que estava o Porto.