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Sob pressão, Altice suspende altos quadros e indica Ana Figueiredo para PCA

Administrador João Zúquete da Silva, que tem o pelouro do imobiliário, está suspenso enquanto decorre a investigação ao caso de corrupção que envolve o co-fundador Armando Pereira, que foi ontem indiciado por 11 crimes. Ana Figueiredo vai acumular as funções de CEO com as de presidente do conselho de administração, substituindo Alexandre Fonseca, que também está suspenso.

As ondas de choque do escândalo de corrupção que envolve o co-fundador da Altice e o seu homem de confiança continuam a fazer-se sentir na operadora dona do MEO. Ontem, foi a vez de João Zúquete da Silva, administrador que tem o pelouro do imobiliário, pedir a suspensão de funções enquanto decorrer a investigação ao caso que envolve o co-fundador do grupo, Armando Pereira, que foi ontem indiciado pela alegada prática de 11 crimes de corrupção.

Juntamente com a do chairman Alexandre Fonseca, anunciada no início da semana, a suspensão de Zúquete da Silva obrigou a uma recomposição da administração da Altice Portugal. Num comunicado divulgado esta quarta-feira ao final da tarde, a empresa dona do MEO anunciou que a CEO Ana Figueiredo vai acumular a liderança executiva com as funções de presidente do conselho de administração (PCA), ao passo que a general counsel Natacha Marty passará a vogal, substituindo Zúquete da Silva.

Outros três funcionários do grupo, que trabalham no departamento de Compras, também suspenderam as suas funções, apurou o Jornal Económico. Por sua vez, André Figueiredo, chefe de gabinete de Alexandre Fonseca, também se encontra suspenso, mas neste caso deve-se ao facto de ter ficado sem funções após a suspensão do chairman e não por suspeitas de envolvimento em qualquer caso sob investigação.

Num comunicado ontem divulgado, o grupo de telecomunicações deu conta de que está a cooperar com as autoridades portuguesas na investigação do Ministério Público que envolvem vários crimes de fraude à filial nacional, assegurando que lançou uma investigação interna à Altice Portugal e colocou “vários representantes legais, gestores e funcionários importantes de licença”, ou seja, suspensa temporária.

Grupo promete defender os interesse "de todos os acionistas"

Em comunicado, a Altice Internacional diz ter conhecimento de que as autoridades portugueses “identificaram que a Altice Portugal foi, supostamente, vítima de fraude como resultado de práticas prejudiciais e má conduta de certos indivíduos e entidades externas”.

Na mesma comunicação, o grupo evidencia que a Altice Portugal já tinha confirmado as buscas na quinta-feira passada, 13 de julho, e que lançou, inclusive, uma investigação interna aos processos de compra de imóveis.

A Altice Internacional assegura estar a “trabalhar ativamente para proteger os interesses do grupo e de todos os acionistas”. Por essa mesma razão, “a Altice Internacional e as duas filiais colocaram vários representantes legais, gestores e funcionários importantes em Portugal e exterior de licença enquanto a investigação está em curso”, significando que suspendeu, por tempo indeterminado, várias pessoas cujos nomes possam estar ligados às buscas.

De relembrar que Alexandre Fonseca, ex-CEO da Altice Portugal e agora co-CEO da Altice Internacional, suspendeu as suas funções depois do seu nome ser ligado aos negócios que terão lesado a Altice em vários milhões de euros.

“A Altice International e suas afiliadas lançaram imediatamente uma investigação interna em Portugal e em outras jurisdições”, lê-se ainda no comunicado.

Outra ação imediata do grupo é a revista e reforço “do processo de aprovação em todas as aquisições, pagamentos, ordens de compra e processos relacionados, tanto em Portugal quando no nível da Altice Internacional”.

Apesar desta investigação, o grupo assegura que continua o seu trabalho normal e que irá continuar a desempenhar o seu negócio “com a maior integridade e com os melhores interesses dos acionistas em mente”.