As perspetivas de um novo avanço do nível de globalização, aliadas ao regresso de uma política monetária mais expansionista, com mais um corte nas taxas de juro por parte da Reserva Federal, continuam a impulsionar os mercados acionistas.
Apesar da paralisação parcial do governo norte-americano, das tensões políticas e dos elevados défices orçamentais em França, bem como de alguns sinais de escassez de liquidez no mercado monetário norte-americano nas últimas semanas — evidenciados pelas dificuldades renovadas da banca regional dos EUA — os mercados acionistas mantêm-se robustos e continuaram a atingir máximos históricos consecutivos, sustentados pelo entusiasmo em torno da inteligência artificial.
A própria paralisação parcial na função pública dos EUA poderá até funcionar como um catalisador adicional para a valorização dos mercados, podendo reforçar o movimento de alta e consolidar o S&P 500 nos 7000 pontos, desde que essa mesma paralisação, em vigor desde o início de outubro, não provoque quaisquer perturbações relevantes. Entretanto, a cimeira entre Donald Trump e Xi Jinping promete decorrer de forma satisfatória e, mesmo que não contribua para um novo impulso na globalização, dificilmente representará um obstáculo que leve a um retrocesso neste domínio. Os países parecem condenados a entender-se. Por um lado, os EUA detêm a tecnologia de ponta na produção de chips, o ‘novo petróleo’. Por outro, a China possui a maioria das reservas de terras raras a nível global, essenciais ao funcionamento dessa tecnologia, desde as energias renováveis às turbinas e aos veículos elétricos, que dependem fortemente de ímanes. Assim, se não chegarem a um entendimento, o desfecho será negativo para ambos, um lose-lose para todos.
É precisamente nesta dicotomia — entre o avanço e o recuo da globalização — que o mercado, em grande parte, se orienta. Qualquer perceção de retração na globalização, como se verificou na primeira metade de outubro, quando Donald Trump colocou em causa a realização da cimeira com Xi, é interpretada de forma negativa pelos investidores. Isto porque as principais empresas responsáveis pelo dinamismo do S&P 500 são grandes multinacionais norte-americanas, em especial as denominadas Big 7, cuja performance depende fortemente da interação e integração económica global.
Enquanto isso, a Fed cortou a taxa diretora em 25 pontos base, para o intervalo de 3,75%-4,00%, e anunciou compras limitadas de Treasuries para aliviar as dificuldades de liquidez. Jerome Powell afirmou que o comité está dividido quanto ao rumo da política e que um novo corte em dezembro “não está garantido”. Reconheceu que há menos dados fiáveis devido ao shutdown governamental e que a política monetária poderá estar próxima do nível neutro. Destacou que o mercado laboral abranda sem sinais de crise e que a inflação continua acima da meta, limitando cortes adicionais. Powell admitiu que reduzir juros pode ter efeito limitado no emprego, adotando um tom prudente que sugere transição para uma fase de acomodação cautelosa.
S&P 500 renova máximos históricos
                                                    
                    
                
                
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            Perspetivas de avanço do nível de globalização a par do regresso da política monetária expansionista, impulsionam mercados acionistas
