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Ricardo Viegas d'Abreu: "Portugal pode ter um papel-chave na diversificação da economia de Angola"

No final do segunda edição do "Doing Business Angola", organizado pelo JE e Forbes África Lusófona, Ricardo Viegas d'Abreu, ministro dos Transportes de Angola, considerou que Portugal pode dar resposta aos desafios da diversificação da economia que vão marcar os próximos anos em Angola.

Portugal pode ter um papel-chave a desempenhar no desenvolvimento da economia angola, especialmente no cumprimento do objetivo da diversificação, afirmou o ministro dos Transportes de Angola, Ricardo Viegas d'Abreu, que encerrou a conferência "Doing Business Angola 2024", uma organização conjunta do Jornal Económico e da Forbes África Lusófona.

Em entrevista, defendeu que os dois países continuam uma “relação estratégica muito importante” e que Portugal pode ter um “papel-chave no suporte àquilo que possa ser a dinâmica da diversificação de Angola”.

“Temos aí um bom caminho para podermos acelerar estas relações, eventualmente num formato diferente, com outro potencial e, obviamente, com capacidade para poder dar resposta àquilo que são os nossos desafios, como o da diversificação”, afirmou.

O sector dos transportes foi especialmente focado no "Doing Business Angola 2024” (DBA), evento que decorreu esta terça-feira, 18 de junho, em Lisboa.

O potencial de superestruturas como o Aeroporto Internacional de Luanda e do Corredor do Lobito foi apresentado a investidores, empresários e gestores e foi objeto de debate.

Nesta segunda edição do DBA foi analisado o potencial de Angola como porta de entrada para o espaço da SADC (Comunidade de Desenvolvimento da África Austral) e qual o papel que poderão desempenhar estas grandes infraestruturas.

Foram ainda focadas as perspetivas económicas, assim como os desafios do turismo e da hotelaria em Angola e a perspetiva de risco do país e o impacto no acesso aos mercados internacionais para financiamento.

Coube a Ricardo Viegas d'Abreu a intervenção de encerramento, na qual defendeu que as relações comerciais entre Angola e Portugal deve ter como suporte o investimento privado português no país africano, com possível expressão no Corredor do Lobito.

"As relações entre Angola e Portugal deviam ser suportadas no investimento privado português em Angola por exemplo no Corredor do Lobito, é algo que se pode discutir na próxima visita do Governo de Portugal a Luanda. Temos 30 anos de história neste percurso empresarial com Portugal", destacou.

 

Entrevista do ministro dos Transportes de Angola, Ricardo Viegas d'Abreu, à Forbes África Lusófona:

 

Que balanço faz do "Doing Business Angola 2024"?

Penso que foi um dia muito positivo e muito educativo também. Obviamente, temos aqui preocupações comuns, quer a nível do Governo angolano, quer a nível, obviamente, do sector privado português que quer investir em Angola.

Continuamos a ter uma relação estratégica muito importante e Portugal acaba por ter, também pelas razões históricas e linguísticas, um papel-chave no suporte àquilo que possa ser a dinâmica da diversificação de Angola.
Portanto, temos aí um bom caminho para podermos acelerar estas relações, eventualmente num formato diferente, com outro potencial e, obviamente, com capacidade para poder dar resposta àquilo que são os nossos desafios como o da diversificação.

Angola tem a diversificação da economia nos seus pilares. Que papel é que o sector dos transportes vai ter nessa diversificação, ou seja, as apostas estratégicas para o sector?

É impossível haver diversificação económica sem um sector dos transportes e de logística eficiente. Portanto, o trabalho que temos vindo a desenvolver ao longo destes últimos anos vai nesse sentido, de garantirmos que temos um sector dos transportes e logística robusto, com capacidade operacional e segurança. E é esse o trabalho que temos desenvolvido. Temos projetos muito importantes nessa dinâmica de suporte à diversificação económica, como o Corredor do Lobito. Obviamente, transformando hoje o corredor do Lobito mais num corredor de desenvolvimento económico da própria economia nacional, aproveitando essa infraestrutura.
Assim como também temos o novo aeroporto internacional. O Aeroporto Dr. António Agostinho Neto e outras infraestruturas que iremos agora colocar em concurso para o novo aeroporto.

O que se pode dizer sobre esse processo?
Embora o processo concursal esteja em curso e já em fase muito avançada, iremos ativar o aeroporto ainda este último trimestre de 2024. O operador definitivo deverá entrar no novo aeroporto tão logo se concluam todas as partes relacionadas com o processo de contratação. Portanto, vamos ativá-lo com o nosso operador temporário, que está em funções e que já garantiu a operacionalização do lado de carga. Portanto, vamos fazê-lo ainda no último trimestre de 2024.

Mas tem atraído a atenção dos operadores.

O conjunto de reformas que o sector dos transportes desenvolveu nos últimos anos tem conseguido garantir a atração dos grandes players globais do setor dos transportes e logística. Conseguimos despertar o interesse dos grandes operadores internacionais de transportes e logística para Angola. Seja no domínio marítimo e portuária, seja no domínio aeroportuário e aeronáutico. Isso está a ser uma mais valia, porque acabamos por estar a conseguir materializar a ideia de posicionarmos Angola no contexto internacional do comércio.

Falou-se muito do segmento ferroviário, mas o marítimo também é uma aposta. O que é que está a ser feito?

Para além de estarmos a conseguir garantir a integração da nossa economia e das nossas infraestruturas no contexto do comércio internacional e do transporte de carga, estamos a conseguir também desenvolver aquilo que diz respeito ao sector marítimo doméstico, principalmente os projetos de cabotagem. Portanto, a cabotagem doméstica é um segmento muito importante para a dinamização também da economia. E isso já está a acontecer, particularmente na área norte do nosso país, com o projeto de cabotagem Norte onde operamos, Luanda, Sul e Cabinda, e que está a ter um impacto muito significativo para as comunidades da província de Cabinda.