Apesar de as subidas terem sido tímidas, os índices de sentimento económico ZEW para a zona euro e Alemanha atingiram máximos de mais de dois anos em junho, sublinhando a extensão da crise recente na moeda única e projetando a continuação da retoma dos últimos meses. Apesar da instabilidade política em França e das fraquezas económicas alemãs, a zona euro continua em linha para registar crescimento no primeiro semestre, dando também alguma margem de manobra acrescida ao Banco Central Europeu (BCE) na descida de taxas.
O índice ZEW de sentimento económico para a Alemanha subiu marginalmente em junho, passando de 47,1 em maio para 47,5, um máximo desde fevereiro de 2022, mas abaixo das projeções de mercado de 50 pontos. Já o subíndice referente às condições atuais da economia voltou a cair inesperadamente, passando de -72,3 para -73,8 quando a expectativas dos analistas passava por uma recuperação até -65 pontos.
Na zona euro, a situação é bastante mais positiva: a leitura de junho mostrou uma subida de 4,3 pontos até 51,3, um máximo desde julho de 2021. Foi a nona leitura consecutiva em terreno positivo (o índice é normalizado em torno de 0) e em subida numa análise em cadeia. Já a perceção quanto às condições atuais para o bloco da moeda única manteve-se invariável em relação ao mês anterior, ficando em 38,6 pontos.
Este é a primeira leitura do índice após as eleições europeias, a marcação de eleições antecipadas em França e as discussões orçamentais acesas na Alemanha, mas estes eventos parecem não ter afetado consideravelmente as perspetivas dos investidores europeus.
Para a Pantheon Macro, o efeito destas perturbações sente-se sobretudo na avaliação da situação atual, que degradou na economia alemã e não variou para a zona euro, contrariando as expectativas do mercado – ainda assim, “a queda foi pequena, mantendo o índice perto dos máximos de nove meses de maio”.
“Projetamos que o crescimento acelere na segunda metade do ano, depois do que deverá ser um avanço ligeiramente mais baixo no segundo trimestre do que no primeiro”, avançam os analistas da Pantheon, lembrando que o clima mais ameno do que o costume nos primeiros três meses deste ano levou a um contributo anormalmente elevado do sector da construção.