Sempre a subir na qualidade dos vinhos tranquilos do Douro (e não só), a Real Companhia Velha (RCV) propôs-nos no último mês de 2018 uma viagem pelas castas autóctones e forasteiras que se desenvolvem de forma superior numa das suas cinco quintas ao longo do vale duriense.
Trata-se de um coffret, uma reconfortante caixa de seis garrafas de vinho da Quinta de Cidrô, cinco monovarietais e um blend. Três brancos, três tintos, seis vinhos, seis castas, duas autóctones, quatro estrangeiras. Uma ‘Seleção de Castas’, foi o nome para este conjunto equilibrado. Uma eleição a reter em ano de muitos votos .
“Localizada em São João da Pesqueira, é representativa de um Douro moderno, onde castas portuguesas e internacionais dão fruto a singulares estilos de vinho. Estes são alguns dos exemplares criados em estreita relação pelo enólogo, a equipa de viticultura e a família Silva Reis (...)”, proprietária da RCV, segundo assinala a empresa quanto às características da produção vitivinícola da Quinta de Cidrô.
A casa com sede em Gaia defende que o trio de brancos é ‘fora da caixa’ em relação à tendência generalizada nos últimos anos no Douro. O Alvarinho, mesmo não estando no seu terreno natural, que é a região dos Vinhos Verdes, no Minho (em Portugal, claro está), deu um excelente resultado este Douro de 2017. A nota de prova indica que “a cor citrina é levemente dourada e os aromas são delicados, com destaque para os citrinos e a flor de laranjeira”, acrescentando que tem uma boca rica e cheia”. Adianta que este vinho, “encorpado e fresco, tem um final de boca longo e distinto, salientado por uma acidez estaladiça e uma saborosa mineralidade”, recomendando que “é um Alvarinho do Douro que vai bem com peixe e mariscos grelhados”.
Seguindo na linha dos brancos, passemos para o Sauvignon Blanc, que ganha uma especial expressividade aromática nesta produção da Quinta de Cidrô. “As leves notas de espargos, de pimenta verde e toranja estão bem integradas por uma evidente impressão de mineralidade. Na boca, mostra-se um vinho rico e intenso. Ao mesmo tempo, preserva um sentido de leveza e de frescura. Apesar de denotar potencial de guarda em garrafa, está excelente para degustar, já agora, com ostras, peixes gralhados e carpaccios”, aconselha a nota da RCV em relação a este vinho, também de 2017.
Também do mesmo ano, fechamos o triunvirato destes brancos com o Chardonnay, apresentado como “um vinho limpo e brilhante, com uma atraente cor amarelo pálido”. A casa da família Silva Reis adianta que o vinho em apreço “denota concentração e intensidade, exibindo, também, uma complexidade de aromas tropicais, como o de ananás, além do pêssego e da pêra, harmoniosamente integrados, com ligeiras nuances de madeira e notas amanteigadas”. A mesma nota acrescenta que “o final de prova é persistente”, avisando que “é ótimo para acompanhar o bacalhau de consoada, mas também o lavagante e as saladas”.
Da singularidade dos brancos, transferimo-nos para a elegância dos tintos desta edição da Quinta de Cidrô. “De uma belíssima cor ruby, este tinto revela elegância e finesse, graças à delicadeza da casta francesa, além de que é detentor de notas típicas de cereja e groselha harmoniosamente integradas com nuances de baunilha”, garante a RCV sobre o Pinot Noir de 2015, acentuando que “o final de boca é longo e frutado”. A casa alerta para a importância de decantação umas horas antes de servir, a acompanhar ‘comidas de inverno’, como cabrito ou cordeiro assados no forno, ou empadão de perdiz.
No último dos monovarietais deste pack, deparamo-nos com o Touriga Nacional, já de 2016, “exibindo a complexidade que lhe é característica e o forte carácter varietal, com aromas a frutos vermelhos e acentuadas notas florais”. A RCV ressalva que “embora intenso e expressivo, é fresco e elegante”, recomendando que, “enquanto jovem e vibrante, é uma excelente opção para combinar com pratos de caça, carne vermelha e queijos”. A guarda para tempos ulteriores é outra opção válida.
A viagem vínica pelas últimas novidades da Quinta de Cidrô terminam no único blend desta proposta, o Touriga Nacional & Cabernet Sauvignon, colheita de 2015. “Um lote de castas que coloca, na mesma garrafa, a variedade da uva tinta mais conhecida no mundo e a casta bandeira de Portugal”, é assim que a RCV define este vinho.
“Ambas deram origem a um vinho limpo e brilhante de cor ruby profundo, intenso e complexo, mas também muito elegante. É equilibrado por uma excelente estrutura e encorpado”, assegura a nota de prova. A RCV destaca que “os aromas de fruta preta, baunilha e chocolate revelam um enorme potencial para evolução em garrafa”, não se esquecendo de sugerir que, à mesa, “‘casa’ bem com carne vermelha, perdiz e javali”. Bom fôlego para degustar estas iguarias, uma a uma, ao longo de 2019, uma meta feliz para cruzar no ano que se inicia.