A Associação Industrial Portuguesa (AIP) realizou um encontro entre empresas portuguesas e moçambicanas, em parceria com a Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA). Fomentar-se o estabelecimento de parcerias pelas empresas dos dois países que reforce a relação económica e comercial entre Portugal e Moçambique é o cerne de um protocolo que as duas entidades assinaram.
Em entrevista ao JE, o presidente da CTA, Agostinho Vuma, traça o quadro desse protocolo e estabelece os limites muito alargados até onde os seus pressupostos podem levar as empresas dos dois países.
Quão longe pode chegar o protocolo que a Confederação das Associações Económicas de Moçambique vai assinar com a Associação Industrial Portuguesa, quer em termos de impacto na economia, quer nas empresas?
O protocolo que vai ser rubricado entre a Confederação das Associações Económicas de Moçambique e a Associação Industrial Portuguesa representa um marco significativo nas relações comerciais entre Moçambique e Portugal, que dentre outros objetivos visa o aumento da competitividade do sector privado moçambicano, aumento das trocas comerciais entre os dois países e busca de novas parcerias e mercados. As relações comerciais entre Moçambique e Portugal têm uma longa história e estão em constante crescimento. Moçambique é um dos parceiros comerciais mais importantes de Portugal em África, e as trocas comerciais entre os dois países abrangem uma variedade de sectores, incluindo agrícola, energético, industrial e tecnológico.
Relações importantes, portanto.
É importante destacar que as relações comerciais entre Moçambique e Portugal não se limitam apenas à importação e exportação de bens, mas também incluem investimentos diretos, parcerias estratégicas e transferência de conhecimento e tecnologia. Com este protocolo, pretendemos que as empresas moçambicanas, bem como portuguesas possam promover o investimento bilateral, o que pode impulsionar o crescimento económico, facilitar a integração das cadeias de suprimentos, permitindo maior eficiência e competitividade. Em resumo, o protocolo tem o potencial de fortalecer os laços económicos entre Moçambique e Portugal, promovendo o crescimento económico, incentivando o investimento e melhorando a competitividade das empresas de ambos os países.
O protocolo pretende de alguma forma ser o esteio para o aumento das relações de Moçambique com os PALOP? E com a União Europeia?
O protocolo entre a CTA e o CE-CPLP pode desempenhar um papel crucial no fortalecimento das relações económicas e comerciais entre Moçambique e os PALOP, beneficiando assim o desenvolvimento económico e o crescimento sustentável em toda a região. Facilitação do comércio intra-Confederação Empresarial da CPLP(CE-CPLP): promover o comércio Intra-CE-CPLP, facilitando o acesso aos mercados dos PALOP para as empresas moçambicanas e vice-versa. Troca de conhecimento e experiência: as empresas moçambicanas podem ter acesso a conhecimentos e experiências de outras empresas da CPLP, o que pode ser especialmente valioso considerando que os PALOP compartilham a língua portuguesa e têm contextos culturais semelhantes.
Mais especificamente?
Ao nível do investimento, o investimento de empresas moçambicanas nos PALOP e vice-versa, promovendo o crescimento económico e o desenvolvimento regional. No desenvolvimento de infraestruturas, pode haver colaborações no desenvolvimento de infraestruturas que beneficie não apenas Moçambique, mas também outros países da CPLP, fortalecendo assim os laços económicos e trocas comerciais entre eles. Portugal oferece uma porta de entrada estratégica e vantajosa para as empresas moçambicanas acederem o mercado europeu, aproveitando a localização, as relações históricas, as facilidades comerciais e a infraestrutura logística do país, Portugal faz parte da UE e do Espaço Schengen, o que significa que as empresas moçambicanas podem se beneficiar de acordos comerciais e de livre circulação de mercadorias, serviços e pessoas entre Portugal e outros países europeus. Sendo Portugal um centro financeiro importante na Europa, as empresas moçambicanas podem se beneficiar do acesso a financiamento, investimento e serviços bancários através de instituições financeiras portuguesas.
Quais são as prioridades para a economia moçambicana no ano em curso?
As prioridades para a economia moçambicana podem variar dependendo das circunstâncias específicas do país. No entanto, algumas das principais prioridades que têm sido frequentemente destacadas incluem o desenvolvimento de infraestrutura: investimentos em infraestruturas, como estradas, portos, energia e telecomunicações, são fundamentais para impulsionar o crescimento económico e melhorar a competitividade do país. Também o desenvolvimento do sector privado: estimular o crescimento do sector privado é essencial para criar empregos, atrair investimentos e promover o desenvolvimento económico sustentável. Isso inclui a melhoria do ambiente de negócios e a promoção do empreendedorismo. Outra prioridade passa pela diversificação económica: reduzir a dependência de sectores como a agricultura e os recursos naturais e diversificar a base económica é fundamental para promover um crescimento mais estável e resiliente. Outras áreas passam pelo desenvolvimento do sector agrícola: investimentos no sector agrícola podem não apenas aumentar a produção de alimentos, mas também impulsionar a criação de empregos e reduzir a pobreza nas áreas rurais. E pela melhoria do ambiente de investimento: garantir um ambiente de investimento estável, previsível e favorável aos negócios é essencial para atrair investimentos estrangeiros e domésticos. E ainda a prioridade do desenvolvimento do capital humano: investir em educação, saúde e capacitação profissional é fundamental para aumentar a produtividade e a competitividade da economia moçambicana a longo prazo.