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Prepare a ‘rentrée’ com estilo

Passado o estio, a Natureza inicia o seu processo de regeneração até à primavera. Nós, urbanitas, fazemos o mesmo. Como? Retomando o ritual de ir ao teatro, à ópera ou a museus e galerias ver exposições. Fazendo a catarse onde a Cultura é rainha, desde jardins a palcos mais convencionais. Das propostas mais contemporâneas às que sugerem outras leituras do passado. Regenerar é também inquietar. É esse o papel da Arte.

Nos tempos de cólera, Gabriel García Márquez escreveu sobre o poder do amor. Nos tempos conturbados - hoje como noutras eras -, a cultura demonstrou que, mesmo menorizada e atacada, é ela que sustenta a vida e prolonga a memória das nações. O que nos leva a uma primeira paragem, na Cidade do Cabo. “We, the People: 30 Years of Democracy in South Africa” percorre três décadas de um caminho que ainda está a ser trilhado. Pertencer, Protestar, Cuidar, Ser Ouvido, são os eixos
desta exposição patente na Norval Foudation até 22 de novembro. Próxima paragem, Singapura. “Between Declarations and Dreams”, dá-nos a conhecer o trabalho de artistas do Sudeste asiático, desde o século XIX até à atualidade, na National Gallery. E como o mundo não cabe numa única coluna, rumamos a Pequim, até ao UCCA - Center for Contemporary Art, que apresenta, de 15 de novembro de 2025 a 22 de fevereiro de 2026, fotografias e videoinstalações de um dos mais conceituados artistas visuais chineses contemporâneos, Yang Fudong. Com Donald Trump a dar golpes nas dotações financeiras a universidades e instituições culturais, recuperamos uma frase de T. S. Eliot, para quem a cultura é aquilo que “faz com que valha a pena viver”. Palavra de poeta. E nossa também. Tem dúvidas? Política, lúdica, provocadora. Eis a trindade proposta pela Bienal de São Paulo aos 120 artistas que participam na 36ª , edição, de 6 de setembro de 2025 a 11 de janeiro de 2026. Haveria mais sugestões no emaranhado de geografias que é a Terra, daquelas que nos podem fazer sonhar ou virar do avesso. Por todas as razões e por esta em particular. Alguém disse (e não, a autoria da frase não é consensual) que a cultura é o que fica depois de tudo o resto ter desaparecido. O melhor é não tentar um qualquer apocalipse e desfrutarmos do que a Arte, nas suas muitas expressões, tem para nos dar. Bom verão e uma rentrée ainda melhor!

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