Num ano marcado por desafios económicos, em que, para além da inflação, muitas famílias viram as suas prestações do crédito à habitação aumentar, os portugueses viajaram mais este ano do que em 2022.
Ao JE, a diretora de Marketing e Comunicação da agência de viagens Top Atlântico, Margarida Blattmann, refere que o ano de 2023 confirmou a imensa vontade de viajar que já se tinha sentido em 2022, salientando que após a pandemia, os portugueses quiseram “vingar-se”, seguindo a tendência a nível mundial, “e abraçaram a retoma às viagens como uma das prioridades do ano”. Desta forma, Margarida Blattmann destaca que este ano termina com números muito superiores a 2022, superando até o ano de 2019 em alguns segmentos.
O diretor de Vendas da Agência Abreu, Pedro Quintela, também confirma uma maior procura este ano, que coincidiu com a abertura de alguns destinos que ainda estavam fechados devido à pandemia, como a Tailândia, a Indonésia e o Japão. Além disso, diz que quem sentia ainda algum receio de viajar em 2022, escolheu 2023 para retomar.
Já o diretor administrativo da agência Travelwings, Miguel Graça, realça que apesar de um abrandamento nas reservas registado no último trimestre, devido ao início da guerra no Médio Oriente, este ano houve um aumento de cerca de 12% nas viagens, face ao ano anterior, o que está em linha com o crescimento de 10% registado pela sócia gerente da agência de viagens Onboard, Sandra Rita.
Além dos destinos nacionais, como Madeira, Porto Santo, Açores e Algarve, os destinos mais escolhidos foram Cabo Verde, as Caraíbas, as ilhas espanholas e o Egito.
“Os portugueses continuam a eleger destinos de praia e sol para as suas principais férias. No território nacional, a ilha do Porto Santo pela sua proximidade, condições climatéricas e ótima praia, e, claro, o Algarve. Ainda em Portugal, os Açores cresceram exponencialmente a nível da procura e a vontade de conhecer as ilhas menos exploradas do arquipélago foi uma constante, mesmo fora da estação de verão. O top de favoritos dos portugueses pré pandemia mantém-se: Cabo Verde, as ilhas espanholas e as Caraíbas são eternas opções dos destinos de praia”, destaca Margarida Blattmann.
No entanto, refere que este ano surgiram novas tendências, fruto de novas operações aéreas e charter: o Senegal e o Zanzibar. Além disso, a diretora de Marketing e Comunicação da Top Atlântico aponta que um dos segmentos que mais tinha sofrido com a pandemia recuperou em pleno e cresceu exponencialmente com os portugueses a procurarem as viagens de cruzeiro.
“Claro que o aumento das companhias com itinerários com partida de Lisboa e outros portos nacionais com destino à Europa e Mediterrâneo contribuíram para aumentar esta tendência, prevendo-se que continue ao mesmo ritmo ou mesmo aumente em 2024”, indica.
O diretor de Vendas da Agência Abreu refere que fora do capítulo habitual das praias, os circuitos pela Europa, Turquia e Marrocos, assim como a Disneyland Paris também tiveram muita procura, enquanto nas grandes viagens tiveram destaque destinos como o Egito, o Japão, a Jordânia e Israel, assim como Safaris em África.
Para o próximo ano, a sócia gerente da agência Onboard aponta que a expetativa é de que seja muito semelhante a este ano, enquanto o Diretor Administrativo da Travelwings, apesar de perspetivar um bom ano de 2024, sublinha que “nos tempos que correm não é fácil fazer previsões”, realçando que “o turismo é bastante afetado pelas incertezas económicas e questões internacionais”.
Miguel Graça revela que nas grandes viagens o Vietname, a Índia, a Tailândia e a ilha de Zanzibar estão com procura acima da média, e por isso perspetiva um bom ano para estes destinos, já nos pedidos para as viagens em família, Cuba, Riviera Maya e a ilha de Djerba, na Tunísia, são as preferências.
Pedro Quintela acredita que em 2024 os destinos de praia manter-se-ão entre as preferências dos portugueses, seja para Cabo Verde, Caraíbas, Tailândia, bem como outros que conjugam praia com cultura, como Marrocos e Tunísia. “Em Portugal, a Madeira e os Açores vão igualmente manter-se entre as escolhas mais naturais”, indica.
“A perspetiva é animadora. Cada vez mais os portugueses não dispensam viajar nas suas férias. A pandemia acresceu valor ao ato de viajar e as viagens tornaram-se numa necessidade, e a tendência para 2024 parece querer manter-se. Na campanha de reservas antecipadas Top Atlântico, que decorreu recentemente na Black Friday, o nível de reservas de viagens para 2024, incluindo verão, subiu exponencialmente face ao que era habitual em 2022 e mesmo em 2019”, aponta a diretora de Marketing e Comunicação da Top Atlântico.
“A vontade de continuar a viajar existe. A tendência de destinos nunca varia muito, mas temos a certeza de que novas operações que surjam com preços acessíveis para destinos mais exóticos serão bem recebidos pelos viajantes portugueses”, frisa Margarida Blattmann.
Funchal, Cabo Verde e Brasil no topo das preferências dos portugueses para a passagem de ano
Há medida que os relógios marcam os últimos momentos do ano, são muitos os que buscam experiências únicas em lugares distintos, despedindo-se do velho ano e cumprimentando o que chega.
Enquanto em Portugal o destino mais procurado é o Funchal, mas também o Algarve e os Açores, nos destinos internacionais os mais procurados são Cabo Verde, mais precisamente Sal, e o Brasil, com os charters para Salvador, Natal e Maceió.
Já na Europa, as cidades dos mercados de Natal ganham especial relevância de procura, sobretudo Viena, Munique, Berlim, Zurique, Amesterdão, Roma e Florença, aponta o diretor de Vendas da Agência Abreu.