Portugal arrisca-se a sair das 50 economias mais competitivas do mundo até 2038, acompanhando a tendência geral europeia, embora sendo dos países que mais deterioração deve ver. A economia nacional fica cada vez mais para a cauda do bloco da moeda única, estando já ultrapassada por vários países da coesão, e arrisca ainda ver outros Estados tipicamente considerados em desenvolvimento passarem-lhe à frente no ranking, isto numa altura em que a Europa perde fôlego em relação ao resto do mundo.
O relatório do Centre for Economics and Business Research (CEBR) do Reino Unido projeta que a economia nacional caia do 49º lugar na lista dos países mais competitivos do mundo para 53º, isto quando ocupava a posição 37 em 2008. É uma queda assinalável, mas ainda longe das piores performances: o Haiti cai 29 posições entre 2023 e 2038, liderando de forma destacada e à frente de Trinidade & Tobago ou o Turquemenistão, ambos perdendo 17 posições.
Em sentido inverso, o Bangladesh regista os maiores ganhos, saltando da 37ª posição este ano (portanto, já acima de Portugal) para a 20ª em 2038.
Caso se confirme o cenário previsto pelo CEBR, Portugal será ultrapassado pela Nova Zelândia, Perú, Cazaquistão e o Iraque, um país destruído pela guerra e que o Banco Mundial aponta como tendo o 172º melhor ambiente de negócios do mundo em 2020, um resultado próximo do fundo da tabela.
Comparando com outras economias europeias periféricas, os problemas portugueses são evidentes. A Polónia, país fora da zona euro e frequentemente usado para balizar o desenvolvimento português, partia já de uma posição mais favorável, ocupando o 20º lugar em 2008. Este ano fecha com o país na 21ª posição do ranking, descendo mais uma até à 22ª até 2038.
Já a Grécia, que sofreu uma crise da dívida ainda mais complicada do que a portuguesa, apresenta uma performance também pior do que a nacional: do lugar 29 em 2008, a economia grega caiu para a 53ª posição, continuando a deteriorar-se até cair para 57ª no final da projeção do CEBR.
A Roménia, que, tal como a Polónia, aderiu à UE bastante mais tarde do que Portugal e não utiliza o euro, apresenta pouca variação ao longo dos 20 anos do exercício do think-tank britânico, mantendo em 2038 a 43ª posição com que arrancou em 2008. É, ainda assim, suficiente para ultrapassar Portugal, que cai 16 lugares no mesmo período, perdendo claramente competitividade relativa face à economia romena.
Esta tendência de deterioração das economias europeias em termos relativos é transversal. Como bloco, a Europa cai de mais de um terço do PIB global, 33,5%, em 2008 para menos de um quinto, 19,2%, em 2038, perdendo claramente relevância face ao sudeste asiático, onde se encontram muitas das economias que mais ganhos de competitividade tiveram na última década.
Olhando para as principais economias europeias, a Alemanha cai da terceira posição para a quinta entre 2023 e 2038, Itália recua de oitavo para 12º, Espanha perde uma posição para 16º, os Países Baixos caem de 17º para 19º e a Bélgica dará um forte trambolhão de 24º para 35º, tal como a Áustria, de 26º para 39º.
Na realidade, poucas são as economias europeias que conseguem sequer manter a sua posição nos próximos 14 anos. França é a principal, devendo solidificar o sétimo lugar na lista dos países mais competitivos; o outro caso de destaque é a Hungria, também fora da zona euro, que deve subir uma posição para o lugar 56.