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Portugueses menos preocupados com custo de vida? "Expectativas quanto à inflação" justificam-no

"Há um ano nós estávamos no pico do receio com a subida da inflação e que impactos é que iria ter, e não falo apenas e só da inflação como indicador, mas sobretudo da inflação alimentar e dos bens essenciais", sublinhou o especialista Filipe Garcia.

As preocupações dos portugueses com o aumento do custo de vida têm vindo a diminuir ao longo do último ano, demonstrou um estudo realizado pela Capgemini "What Matters to Today’s Consumer”. Segundo declarações do economista Filipe Garcia ao Jornal Económico, esta diminuição na preocupação prende-se com as expectativas quanto à inflação, uma teoria com a qual a economista Susana Peralta concorda.

Quando confrontado com os resultados do estudo que aponta que "apenas 43% estão agora preocupados com uma possível deterioração das suas finanças pessoais nos próximos meses, contra 80% há um ano”, Filipe Garcia frisou que isto "reflete alterações que sucederam há um ano". "A principal, na minha opinião, tem de ver com aquilo que são as expectativas quanto à inflação", destacou.

"Há um ano nós estávamos no pico do receio com a subida da inflação e que impactos é que iria ter, e não falo apenas e só da inflação como indicador, mas sobretudo da inflação alimentar e dos bens essenciais", sublinhou o especialista.

No entanto, Filipe Garcia frisou que "isto não quer dizer que já não estejam preocupados". "Dizer que apenas 43% estão preocupados...bom, são metade das pessoas. O assunto não mudou; a preocupação é que deixou de ser tão intensa, tão ampla como era há um ano", considerou.

"Há um ano estávamos a falar de um momento em que a inflação ainda estava a subir, que havia muita incerteza sobre até onde é que ela iria e já agora o mesmo em relação às taxas de juro. Também estavam a subir e não se sabia até onde é que iriam subir", recordou.

Agora, "nós estamos num cenário que, não sendo fantástico...estamos num cenário em que as taxas de juro provavelmente já bateram no topo, em que a inflação não se compara".

Por sua vez, Susana Peralta considerou que estes dados se explicam com os temas "diruptivos como a pandemia e a guerra", depois o "facto de ter havido crescimento salarial" e, em terceiro lugar, "com a desaceleração da inflação".

De recordar que, na sexta-feira passada, o Instituto Nacional de Estatística confirmou que a taxa de inflação homóloga em dezembro desacelerou para 1,4%. Já a taxa de inflação anual ficou nos 4,3%, também uma desaceleração face à variação anual dos preços, de 5%, que se tinha calculado no mês anterior.