Futebol e política são os sectores que os portugueses consideram estar mais expostos à corrupção. Esta é uma das principais conclusões reveladas pelo Barómetro sobre a corrupção elaborado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS) esta segunda-feira e que procura compreender o que as pessoas sabem e pensam sobre este tema em Portugal.
Assim, além do futebol, as várias instituições políticas, desde os partidos políticos, às autarquias, Governo e administração pública, são também visadas pelos inquiridos, sendo a segurança e defesa, e o sector social, as áreas que os participantes deste estudo consideraram estar menos expostas à prática da corrupção.
No caso da política, os inquiridos entendem que um dos principais problemas está relacionado com a reputação e que esta é uma atividade que só atrai pessoas que "procuram obter benefícios particulares à custa do bem comum e que até pessoas honestas se deixam corromper quando ocupam um cargo de poder", pode ler-se no estudo.
O estudo analisa também a forma como a corrupção se estende a vários grupos sociais com os inquiridos a apontarem que o problema é mais prevalecente entre o grupo dos políticos, seguido dos empresários, e como mais baixa nos profissionais e trabalhadores do sector privado. Por outro lado, os inquiridos neste Barómetro da FFMS indicam que os indivíduos que se posicionam mais à esquerda do espectro político "tendem a expressar uma menor perceção da corrupção, em comparação com os que se posicionam à direita ou ao centro".
De um modo geral, a corrupção é vista por mais 90% dos inquiridos como um dos problemas mais graves que o país enfrenta, segundo os dados do Eurobarómetro Especial sobre Corrupção. Um valor que está muito acima da média (70%) da União Europeia (UE), sendo que um em cada dois inquiridos sente que a corrupção afeta diariamente as suas vidas, face à média de 24% da UE.
Sobre a forma como a corrupção é combatida em Portugal, mais de metade dos inquiridos (51,6%) consideram este combate "nada eficaz", atribuindo as culpas ao poder político, sociedade civil e poder judicial. De resto 71,9% dos inquiridos consideram que o fraco desempenho da justiça se deve à existência de megaprocessos demasiado complexos e intermináveis, enquanto 43,4% apontam para a existência de demasiadas possibilidades de recurso nos tribunais.
O estudo realizado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos foi feito a residentes em Portugal Continental com 18 ou mais anos, falantes de língua portuguesa, com telefone da rede fixa ou acesso à internet. Este trabalho decorreu entre os dias 22 de março e 22 de abril de 2024, tendo sido recolhidas 1.101 entrevistas (52% do sexo feminino e 48% do sexo masculino) das quais 626 através de inquérito online e 475 por chamada telefónica, correspondendo a um erro máximo amostral de 3% (para um nível de confiança de 95%), com a seguinte distribuição por grupos etários: 18-34 anos (21,1%), 35-54 anos (33,4%), 55 e mais anos (45,5%).