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Portuenses da CJR Renewables entram em África e estão de olho no eólico offshore

Depois de instalar 12 gigas em vários continentes, a companhia portuguesa prepara a sua entrada no continente africano e garante estar preparada para participar no leilão eólico offshore.

Nascida a partir do grupo de construção CJR, que conta com mais de 50 anos de existência, a portuense CJR Renewables aposta há 20 anos na engenharia e construção de projetos de energias renováveis para outras empresas.

Primeiro, foi a energia eólica, depois, a solar fotovoltaica, e agora está a construir projetos híbridos e com soluções de armazenamento em baterias.

Com uma faturação anual na ordem dos 150 milhões de euros, a companhia já instalou 12 gigawatts para 60 clientes em projetos de energias renováveis por todo o mundo.

Atualmente conta com mais de 1.500 trabalhadores pelo mundo, com escritórios na Polónia, Roménia, Chile, Peru, Colômbia e no Texas, nos Estados Unidos da América.

Os dois grandes objetivos da empresa passam agora pela entrada no mercado africano e no leilão de energia eólica offshore (marítima) em Portugal que deverá arrancar no final deste ano, com o objetivo de instalar 10 gigawatts no médio prazo.

“África é o nosso novo mercado, temos todos os outros continentes de uma forma ou de outra desenvolvidos, já estivemos inclusivamente no Vietname, mas faltava-nos África no currículo. O grupo, enquanto CJR, esteve em Angola e fez muita construção, mas mais nas infraestruturas de acessibilidades. Faltavam as renováveis e gostávamos de ajudar na transição energética de África”, disse Jorge Rocha, diretor comercial da CJR Renewables, em conversa com o JE, durante o EurAfrican Forum, organizado pelo Conselho da Diáspora Portuguesa, que decorreu em Cascais, no passado mês de julho.

A empresa está agora a apostar numa nova frente: na gestão de projetos através da sociedade Green Venture SGPS.

“A visão de África não é de curto prazo, mas uma aposta estratégica do grupo para o médio e longo prazo. Estamos cientes das dificuldades, mas também das oportunidades que existem e comprometidos com o desenvolvimento do negócio em África, onde temos feito alguma prospeção, sabemos que é importante trabalhar com parceiros locais”, afirma, por sua vez, Miguel Pereira Mendes da Green Venture SGPS.

A aposta não vai começar pelos países lusófonos, explica o responsável. “As nossas apostas iniciais estão fora dos países lusófonos, mas olhamos para estes com bons olhos também, como Cabo Verde e Moçambique”.

“Temos feito a candidatura a pontos de ligação, para fazer o desenvolvimento do projeto do início ao fim, e depois ter o ativo para uma gestão económica. Pode ser um ativo que mantemos em produção para o grupo, ou ser um ativo que podemos vender para outro investidor ou para uma parceria depois de estar operacional”, disse, por seu turno, Jorge Rocha.

Conforme explicam, a CJR Renewables e a Green Venture são “entidades independentes”. A Green Venture “pode desenvolver um projeto e a CJR não ser o ganhador do contrato de construção, como podemos construir qualquer projeto sem ser nosso cliente exclusivo a Green Venture, no fundo é só dar mais uma solução”, segundo Jorge Rocha.

“África tem uma massa crítica que não é só da energia mas também das pessoas. Por tradição, a CJR faz muito desenvolvimento local, fazemos sempre um arranque com uma equipa de engenharia daqui, mas depois temos o desenvolvimento local. Hoje em dia somos mais de 1.500 pelo mundo inteiro, mas com nacionalidades diferentes. Em África, o objetivo é fazer uma equipa local”, acrescenta.

Já em Portugal, o Governo prevê a construção de 2 gigawatts (GW) de energia eólica offshore até 2030, com a restante capacidade prevista de 8 gigas a ser concluída depois de 2030.

Questionado se a CJR Renewables está interessada no leilão eólico offshore, Jorge Rocha garante que sim. “Estamos perfeitamente disponíveis. Em termos de engenharia, estamos mais do que aptos e disponíveis. Se houver a possibilidade de participar na construção propriamente dita, claro que sim”.

“Portugal é pioneiro, tem um projeto flutuante em Viana do Castelo [Windfloat] que já está a funcionar. Há outro protótipo, que enquanto empresa participamos na instalação, uma plataforma flutuante que está em Bilbao à espera para ser transportada para água aberta e ser testada. Estamos a acompanhar de perto, em diferentes unidades de negócio, de que forma é que podemos participar em Portugal. O objetivo português é bastante ambicioso. Existe toda uma dificuldade no país, porque os recursos afetos a todas as instituições que têm analisado todos estes processos são escassos, como no caso da DGEG [Direção-Geral de Energia] e da APA [Agência Portuguesa do Ambiente]”, destacou.

Em Portugal, a empresa também continua ativa com a construção de “projetos fotovoltaicos para diferentes clientes, com quem já trabalhamos há muitos anos”, incluindo a EDP Renováveis. Alguns destes projetos são híbridos, juntando a energia eólica com a solar.

Jorge Rocha explica que a CJR Renewables consegue “participar desde a construção física dos projetos, o início da parte civil, no estudo de engenharia, ajudar na compra dos equipamentos e depois na construção propriamente dita; temos dentro de portas equipas próprias e capacidade para ajudar em todas estas fases do processo, mas não é obrigatória que seja desta forma, podemos entrar em qualquer parte, engenharia já desenvolvida e fazemos a construção, fazemos tudo do início ao fim, em qualquer das tecnologias”, explica, ao JE, Jorge Rocha, diretor comercial da empresa.

Com uma faturação de “quase 150 milhões de euros” em 2022, a empresa espera crescer este ano. “Há um potencial de crescimento, com toda esta nova exigência de energia que a Europa tem, todo o potencial dos novos projetos de energias renováveis; faz com que o ano de 2023 seja mais arrojado pela conjuntura económica global. Com as especialidades que temos, mesmo que pudéssemos ter mais equipas para ajudar a construir mais sonhos, continua a ser um grupo familiar, o crescimento é sempre sustentável, mas felizmente é um sector em franco desenvolvimento, diz-se agora que está na moda, mas para nós está na moda há mais de 20 anos, mas agora tornou-se mais sedutor e urgente, com boas perspetivas de futuro”.