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Petróleo da Namíbia torna a Galp rainha da bolsa de Lisboa

Energia: A Galp tornou-se a cotada nacional mais valiosa à boleia da confirmação de uma reserva com 10 mil milhões de barris de petróleo na Namíbia. Ultrapassou a EDP, que vê o grupo pressionado pela queda no custo da eletricidade, peso da dívida e pelo disparo nos custos de financiamento. E demonstra que a morte anunciada dos hidrocarbonetos pode ter sido exagerada.

Ainal, o petróleo ainda mexe muito com o mercado. O anúncio da descoberta de uma grande reserva com 10 mil milhões de barris na Namíbia levou a Galp a fechar a sessão desta quinta-feira a valer 15,62 mil milhões de euros, registando uma valorização superior a três mil milhões de euros em apenas quatro sessões, o que lhe permitiu passar a ser a mais valiosa cotada, destronando a EDP – Energias de Portugal.

Ontem, a EDP fechou a sessão a valer 14,61 mil milhões de euros e a EDP Renováveis 12,92 mil milhões de euros. O grupo EDP encontra-se atualmente em bear market, com quebras superiores a 20% relativamente ao último máximo, que foi em dezembro. Por sua vez, o PSI está em bull market com um crescimento superior a 20% face ao último mínimo.

No espaço de um ano, a Galp disparou 85%, para 19,99 euros, enquanto a EDP perdeu 32,1%, para 3,57 euros, e a EDP Renováveis afundou 36,5%, para 12,62 euros.

“O comportamento da EDP e da EDP Renováveis confirma o fraco desempenho do sector energético, que é extensivo à REN e também à Greenvolt em 2023 que foi subtraída de situação deprimida pela OPA em curso. O sector vem sendo marcado pela evolução das taxas de juro, elevados níveis de endividamento, altos níveis de investimento e baixas acentuadas de preços nos mercados internacionais”, segundo uma análise da Maxyield, que acrescenta que a cotação da EDP e da EDP Renováveis “tem sofrido elevada volatilidade e forte variabilidade” ao longo do último triénio, “com o universo EDP a sofrer quatro bear market neste período”. Para o futuro, o clube dos pequenos acionistas está mais otimista: “O início da descida das taxas de juro, os fundamentais empresarias destas sociedades, a inflexão nos investimentos de aumento de capacidade e sólida politica de dividendos são condimentos para expectativas positivas relativamente à recuperação da cotação das ações”.

Já o consultor de investimentos Marco Silva aponta que, “tendo em conta que uma parte muito significativa dos resultados da EDP advém da EDP Renováveis, o destino dos títulos da segunda afeta o movimento dos títulos da empresa mãe”.

“Ora, desde o pico alcançado após a invasão da Ucrânia pela Rússia e o consequente disparar dos preços do gás natural e petróleo, que levou à subida dos preços da energia renovável, os títulos da EDP Renováveis estão agora a corrigir desse impulso ascendente, uma vez que o preço dos dois primeiros ativos tem vindo a recuar, com mais ênfase no gás. Para além disso, a performance da produção renovável também tem sofrido alguns percalços, o que condiciona negativamente igualmente o valor de ambas as empresas”, acrescenta.

Por sua vez, Henrique Tomé da XTB, aponta que há vários fatores a pesar nas ações: “No caso da EDP, os resultados financeiros apresentados pela empresa ficaram abaixo das expectativas do mercado. Embora a empresa tenha apresentando um aumento de 40% nos lucros em 2023, ainda assim ficou aquém das previsões do mercado, o que pode ter levantado preocupações entre os investidores quanto à capacidade da empresa em alcançar metas futuras”.

“Além disso, anunciou alterações na sua estrutura global e está focada em reduções de custos significativas, o que geralmente acarreta despesas iniciais antes que os benefícios se concretizem”, acrescenta.

Por outro lado, a EDP Renováveis também está a enfrentar vários desafios no seu sector. “A empresa tem vindo a vender vários ativos estratégicos, como a alienação da participação de 80% no parque eólico no Canadá. Apesar destas decisões serem tomadas com vista no longo, podem criar incertezas no curto prazo”, analisa Henrique Tomé.

“A juntar a tudo isto, as pressões resultantes das taxas de juro e da instabilidade geopolítica, também impactam no desempenho das ações. No caso da EDP, a empresa opera num setor particularmente sensível a estes fatores”, acrescenta.

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