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O que é que a Namíbia tem? Para já, promessa de muito petróleo

Energia: Várias petrolíferas estão a apostar no país, com analistas a esperar que a produção comercial arranque no final desta década. Para já, as reservas prometem muito petróleo, mas ainda abaixo dos principais produtores do continente africano.

A Namíbia - como a África do Sul - está sentada em cima de muitos barris de petróleo na bacia de Orange, localizada no Atlântico, ao largo dos dois países. Mas até recentemente o cenário era diferente.

Nas décadas de 70 e de 80 foram realizadas pesquisas no país, mas sem grande sucesso. Apesar de terem descoberto gás, o recurso nunca foi explorado. Até quem em 2022, “Orange passou de uma bacia zombie para o destino mundial mais excitante de exploração” com as descobertas da Shell e da TotalEnergies, segundo Justin Cochrane, do S&P Global Commodity Insights.

As descobertas feitas até agora colocam a Namíbia na rota de se tornar num “produtor africano significativo” e de “transformar a sua pequena economia”.

A S&P Global espera que a produção comercial arranque em 2029, com o aumento a decorrer ao longo da próxima década: em 2035 poderá estar a produzir 380 mil barris diários, com a S&P a esperar que o consumo mundial atinja um pouco de 109 milhões de barris diários em 2033. Já a Rystad Energy aponta para 700 mil barris diários na próxima década. O maior produtor africano, a Nigéria, produziu 1,6 milhões de barris diários em 2023.

Ficaria com capacidade para ultrapassar vários produtores africanos, incluindo o Congo, Guiné Equatorial ou o Gabão, mas ainda abaixo da Líbia, Angola, Nigéria ou Argélia, que produzem mais de um milhão de barris diários.

A Wood Mackenzie acredita que a produção na Namíbia pode atingir os 500 mil barris diários dentro de uma década e continuar a crescer, apontando que a escala de investimento necessário deverá atingir os 4 mil milhões de dólares (cerca de 3,73 mil milhões de euros, ao câmbio atual) anuais na primeira metade da próxima década.

“As recentes descobertas de petróleo ao largo da costa da Namíbia estão a gerar muito entusiasmo na indústria. A escala projetada e a qualidade destas reservas tem o potencial de gerar cash flows gigantescos e tornar o país numa região principal para grandes petrolíferas internacionais”, escreveu Ian Thom, da Wood Mackenzie.

Há vários desafios: os furos estão a ser feitos no mar, a várias centenas de km de terra, e alguns estão a ser feitos a profundidades que chegam a atingir os 3.000 metros, aumentando os custos de pesquisa e também de exploração.

Localizado entre Angola e a África do Sul, a Namíbia conta com uma população de 2,5 milhões de pessoas para uma área quase nove vezes superior à de Portugal e uma costa de 1.500 km. Só a área licenciada para pesquisa conta com 230 mil km2, uma área superior à de Portugal. Em 2022, o PIB atingiu 13 mil milhões de dólares (cerca de 12,1 mil milhões de euros, menos de 5% do PIBportuguês), tendo crescido 7,6% face ao ano anterior, com um PIB per capita de 5 mil dólares (cerca de 4,6 mil euros), segundo o Banco Mundial, entre os 10 mais altos em África.

O sucesso da exploração de petróleo em águas ultra-profundas no pré-sal no Brasil mudou o sector petrolífero para sempre: “A uma profundidade de 2.000 metros [entre a linha de água e o furo] e com os reservatórios a profundidades de 6.000 metros, explorar estes campos vai ultrapassar os limites da capacidade da indústria”, segundo o analista da Wood Mackenzie. Os problemas em grande profundidade incluem correntes fortes, temperaturas baixas, pressão da água, uso e manutenção de equipamento subaquático, com a consultora a prever que sejam desenvolvidas soluções inovadoras e equipamento específico, aumentando os custos.

Osector mineiro do país pesa 30%noPIB namibiano, incluindo cobre, lítio, cobalto entre outros que são agora cruciais para produzir baterias para elétricos ou turbinas eólicas.
Esta semana, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo disse estar entusiasmada com uma potencial parceria com a Namíbia e disse estar preparada para apoiar o país na sua jornada petrolífera.

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