A dotação de capital de 1.815 milhões de euros à CP, inscrita no Orçamento do Estado para 2022, poderá resolver uma série de problemas que subsistem na transportadora ferroviária nacional desde há décadas. Obrigada a prestar um serviço público que faculte o transporte a pessoas mais desfavorecidas e mais afastadas dos centros urbanos, a CP foi acumulando défices operacionais, em particular no serviço regional, mas não só. A situação tornou-se quase incomportável nos últimos anos, com a CP a atingir uma dívida estratosférica, um lastro que lhe tolhia os movimentos e lhe sugava os poucos recursos que a empresa ia conseguindo retirar da sua operação comercial para ajudar a pagar os juros, o chamado serviço da dívida. A juntar a estas condições, o serviço da empresa foi-se degradando, as frotas de comboios da CP ou ultrapassaram ou estão perto de atingir o limite aconselhado de vida, as condições de trabalho deterioraram-se, a inovação e a aposta nas tecnologias tornou-se uma miragem.