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Otimismo contido com sinais de estabilização na indústria europeia em janeiro

Os PMI da indústria europeia e da alemã registaram máximos de oito meses que, apesar de permanecerem em terreno de contração da atividade, dão algum otimismo quanto à estabilização da situação no arranque do ano.

A zona euro arranca o ano com um otimismo contido, vendo uma luz ao fundo do túnel do crescimento anémico que tem caracterizado os últimos trimestres. A indústria parece ter ultrapassado o pior e, com a inflação em linha com o esperado, as perspetivas, apesar de tímidas, são do melhor que se regista na moeda única em largos meses.

O índice de gestores de compras (PM) da indústria europeia subiu até máximos de oito meses, mantendo ainda assim uma leitura em terreno de contração, mas sinalizando que o momento mais crítico para o sector secundário pode já ter passado. O subindicador subiu de 45,1 para 46,6 pontos, um resultado ainda distante do ponto de inflexão de 50 pontos, mas que confere algum otimismo moderado.

O abrandamento da produção, das encomendas e dos inventários foi o menor em largos meses, enquanto as expectativas de produção das empresas consultadas foram as mais fortes em quase três anos, uma prestação que ganha ainda mais relevância tendo em conta a iminência de tarifas vindas dos EUA.

Outra notícia moderadamente animadora veio com a leitura alemã: o índice referente ao motor industrial também tocou máximos de oito meses, sendo alvo de uma revisão em alta de 44,1 para 45,0 pontos. Já França, apesar de também ter registado novo máximo de sete meses, foi alvo de um corte em relação à estimativa inicial de 45,3 para 45,0 pontos.

Uma nota menos positiva é a manutenção pela primeira vez em quatro meses das expectativas de preços de venda, enquanto os custos intermédios aceleraram pela primeira vez desde agosto.

Este cenário é condizente com a subida recente da inflação – algo que o banco central já havia previsto e atribuível sobretudo ao fim de efeitos base favoráveis na energia. O índice de preços no consumidor (IPC) na zona euro voltou a subir em janeiro, avançando 0,1 pontos percentuais (p.p.) em relação ao mês anterior até 2,5%, de acordo com a estimativa rápida do Eurostat. A confirmar-se, este é o valor mais alto desde julho do ano passado.

O indicador voltou a subir à custa da energia, que acelerou consideravelmente, passando de uma varação homóloga de 0,1% para 1,8% em janeiro. A subida mais que compensou o ligeiro abrandamento do lado alimentar, cuja componente abrandou de 2,6% para 2,3%, e dos serviços, de 4% para 3,9%.

Já a inflação subjacente, que ignora as categorias mais voláteis da energia e alimentação, manteve-se inalterada em 2,7%, contrariando a expectativa de desaceleração para 2,6%. Foi o quinto mês consecutivo com este subindicador sem variações, que mantém assim a leitura mais baixa para a inflação core desde o início de 2022.