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Os grandes pilotos têm medo? O outro lado de quem vive a alta velocidade

“Fórmula 1: As Lendas” revela os riscos, o talento e a coragem de 32 pilotos para quem rolar a alta velocidade era paixão e forma de estar na vida. Entre o pódio e a força do atrito, os medos e a sede de vencer, muito há para contar.

Até os mais indiferentes à Fórmula 1 se terão questionado, um dia, como será a adrenalina de zarpar estrada fora, desafiando a gravidade. Inveja? Fascínio? Pouco importa. O grande mistério para quem não põe as mãos no volante para vencer nos principais circuitos por esse mundo fora irá sempre permanecer, alimentando mitos sobre comuns mortais. Que só não eram comuns na coragem e ímpeto com que voavam sobre o asfalto.
O livro recém-editado em Portugal pela Familiam, “Fórmula 1: As Lendas”, revela essa dimensão mais humana e íntima dos 32 pilotos que definiram a história da modalidade. Um cocktail de talento, medos, risco e alguma solidão. Um mundo onde oinstinto prevalece e a vontade de provar a si próprio que é possível ir cada vez mais longe é um poderoso mantra. Christian Horner, chefe da Red Bull Racing, assina o prefácio do livro escrito por Tony Dodgins, que intercala momentos com acelerações a fundo. E eis-nos na década de 50, quando Juan Manuel Fangio dominava as pistas sem nunca pôr o cinto de segurança. Venceu cinco campeonatos – um recorde que só seria batido meio século depois – e sobreviveu a acidentes que teriam sido fatais para um qualquer ‘comum mortal’.
Trinta anos depois, Ayrton Senna inaugura uma nova era. Levitação? Será mais misticismo sobre rodas, ou não fossem muitas (sempre?) as vezes em que o carro parecia não tocar no chão. Com a entrada em cena de Alain Prost, o grande rival, o frisson das corridas fez disparar a emoção e as rotações. Se o brasileiro era intuição em estado puro, o piloto francês era o mestre da razão. Um e outro protagonizaram algumas das páginas mais emocionantes da Fórmula 1 pela forma como encaravam o perigo e elevaram a modalidade a novos píncaros.
Em 1994, a Fórmula 1 perdeu um campeão quando Senna morreu em Ímola. Mas ganhou uma consciência. Pelo meio, outras páginas foram escritas por Niki Lauda. O austríaco sobreviveu a um incêndio devastador em Nürburgring, no GP da Alemanha de 1976, regressou às pistas seis semanas depois e venceu novamente. Imortalizado no filme “Rush”, era conhecido pelo talento e por não ter papas na língua. E pela sua inabalável convicção: “Lauda nunca desiste”.
Como era a vida destes pilotos fora das pistas? O que os levou ao auge das suas carreiras? E por que razão os seus legados perduram até hoje? Estas perguntas aplicam-se a todas as lendas da modalidade. Em particular a Michael Schumacher que, nos anos 90 e 2000, inscreveu o seu nome nas estrelas. Durante anos, ninguém ousou desafiá-lo. Até que a própria perfeição se tornou o seu maior fardo.
Lewis Hamilton, que cresceu a ver Schumacher na televisão, sucedeu-lhe na também mítica Scuderia Ferrari. Sete títulos, mais de cem vitórias e uma personalidade apaixonante. “O verdadeiro desafio é continuar a lutar quando já venceste tudo”, disse um dia.
Muitos outros nomes ficaram na história e são homenageados neste livro que também nos dá a conhecer os bastidores da vida de 32 pilotos. Uma celebração da glória, mas também dos medos, das angústias e das vitórias de quem marcou para sempre a Fórmula 1.

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