O mercado das ofertas públicas iniciais (IPO) enfrentou um período fraco nos últimos anos devido à instabilidade económica global, mas já deu sinais de recuperação. Os números confirmam esta realidade. Globalmente, o mercado acelerou no terceiro trimestre de 2025, com o volume de negócios a aumentar 19% e os recursos captados a disparar 89% em relação ao mesmo período do ano anterior, sinalizando uma sólida recuperação do apetite dos investidores e um desenvolvimento do mercado para o Advisory.
Esta recuperação, no entanto, ficou amplamente concentrada em algumas regiões chave. Das 370 ofertas registadas no trimestre, quase três quartos vieram da Índia, dos Estados Unidos e da China. Esses três mercados também responderam também por 80% dos 48,2 mil milhões de dólares (41,7 mil milhões de euros) captados – nove dos 10 maiores IPO globais no terceiro trimestre deste ano vieram destes continentes, destacando o papel dominante na retoma. Já em 2024, o mercado registou 1.215 operações, captando 121,2 mil milhões de dólares, cerca de 10% abaixo dos números de 2023. Na Europa, porém, houve sinais de recuperação: as ofertas públicas iniciais duplicaram em valor em 2024, captando 14,6 mil milhões de euros, comparado com 7,2 mil milhões em 2023, num total de 57 IPO.
Um dos mais esperados é o da OpenAI. A dona do ChatGPT estará a preparar uma oferta pública inicial que poderá avaliá-la em cerca de um bilião de dólares. O objetivo é angariar, no mínimo, 60 mil milhões de dólares e preparar a empresa para entrar em bolsa em 2027. A concretizar-se, este IPO será um dos maiores de sempre [apenas superada pela petrolífera Saudi Aramco] e a entrada em bolsa permitirá ao líder da OpenAI, Sam Altman “o acesso a muito mais capital para prosseguir com a sua ambiciosa agenda na Inteligência Artificial (IA)”.
A apresentação do pedido junto dos reguladores do mercado deverá ser feita no segundo semestre de 2026. No entanto, as conversações estão numa fase inicial e que os planos, incluindo os valores e o timing, poderão ser alteradas em função do crescimento do negócio e das condições do mercado.
A OpenAI regista cerca de 13 mil milhões de dólares em receitas recorrentes anuais, 70% das quais provenientes de consumidores que utilizam o ChatGPT, cuja subscrição standard custa 20 dólares. O ChatGPT tem mais de 800 milhões de utilizadores regulares, mas apenas 5% são subscritores pagantes, um número que a OpenAI pretende duplicar. A empresa está ainda a explorar a introdução de publicidade nos produtos de IA.
A American Critical Resources, companhia norte-americana do setor do lítio, é outra das companhias que planeia um IPO no próximo ano para atrair investimentos do governo dos EUA. No mesmo sentido estão a canadiana 1password, do setor da cibersegurança, a Deel, que desenvolve software para recursos humanos. Na Europa, as atenções estão viradas para a operadora de telecomunicações Digi, que já contratou o grupo financeiro Rothschild para iniciar os preparativos para a estreia em bolsa da sua subsidiária em Espanha.
OpenAI prepara entrada em bolsa e poderá valer um bilião
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Um dos IPO mais esperados é o da dona do ChatGPT. Na Europa, as atenções estão viradas para a operadora Digi. Dos dois lados, o negócio está a crescer e o mercado a mexer.