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“O Segredo de Ouro Preto e Outros Caminhos”

Às oito da manhã já o sol é quente, mas há sempre uma brisa e um pingo de chuva em flor que perfuma o europeu agoniadiço. Quem pôs esta loira angélica no chocolate humano do bonde?

"Às oito da manhã já o sol é quente, mas há sempre uma brisa e um pingo de chuva em flor que perfuma o europeu agoniadiço. Quem pôs esta loira angélica no chocolate humano do bonde? – A mesma mãe de raças que decorou de guarda-chuvas os braços roliços das negrinhas; isto é: a Bahia. Já se estiram no chão as sombras compactas das igrejas; um Gabinete Dentário alça a tabuleta em frente; cavam-se ladeiras profundas, calçadas coloniais. Salto do bonde ao Elevador (descer no Guindaste dos Padres seria muito mais poético), e, num abrir e fechar de olhos, passeio na Rampa do Mercado”.
Para os portugueses que assistiram à exibição da primeira telenovela brasileira no único canal televisivo que existia em 1977, o Brasil adquiriu no imaginário nacional – ainda que não a cor – seguramente o som e o ambiente da Bahia dos anos 1920. “Gabriela, Cravo e Canela”, adaptada do romance de Jorge Amado, escrito em 1958, não está na génese do cliché (a palavra é do próprio Vitorino Nemésio) da Bahia, dado que “O Segredo de Ouro Preto e Outros Caminhos” foi editado em 1954.

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