Skip to main content

O mundo todo em quatro pisos

Os aniversários celebram-se. E é precisamente isso que o MAC/CCB, em Lisboa, propõe, de 24 a 26 de outubro. Entrada livre e programação gratuita, entre visitas orientadas às exposições, DJ sessions, conversas e oficinas. Para que o 2º aniversário seja mais um momento de partilha.

Os aniversários mudam o mundo? Quem sabe... O que sabemos é que, neste em concreto, há uma enorme vontade de dar a conhecer uma experiência irrepetível no panorama da arte contemporânea da cidade de Lisboa. Vamos por partes.
O MAC/CCB celebra o seu segundo aniversário com uma programação gratuita, entre as 21h00 de hoje e 26 de outubro. Primeiro momento: a abertura da exposição “Avenida 211: Um espaço de artistas em Lisboa” e um convite ao público para participar numa conversa com os artistas e as curadoras. Segue-se um concerto de Osso Exótico e uma DJ session de carolf, num programa com curadoria de Filho Único. O sábado será dedicado às famílias e a todos os que queiram explorar o museu de forma participativa. E, sem sermos exaustivos, destacamos as visitas às exposições no fim de semana e a finissage no domingo (ver caixa).
Queremos ter espaço para destacar o ‘primeiro momento’ deste aniversário, a tal “experiência irrepetível”. Quem não conheça Lisboa pode não ter percecionado a evolução da Av. da Liberdade, “a” artéria por excelência de Lisboa, antigo Passeio Público e passarela da sociedade do séc. XIX, para o estatuto de luxo muito apetecível, leia-se uma das zonas mais valorizadas da cidade. E quem conhece e acompanha as modas do mercado poderá, contudo, ter passado ao lado de uma experiência singular, que teve lugar entre 2006 e 2014 no n.º 211 da Av. da Liberdade.
Durante cerca de uma década, os quatro pisos deste edifício – propriedade do Banco Espírito Santo, fundado em 1869 e colapsado em 2014 – acolheram dezenas de artistas, músicos e projetos curatoriais. “A ocupação era gratuita e temporária, e assegurava condições de autonomia e flexibilidade que escapavam tanto aos modelos institucionais quanto às lógicas comerciais”. 60 dos artistas envolvidos reúnem-se agora sob o teto do Museu de Arte Contemporânea do Centro Cultural de Belém, para a exposição “Avenida 211”, com curadoria de Nuria Enguita e Marta Mestre; investigação de Giorgia Casara e Sara de Chiara; arquitetura de André Maranha e design de Sofia Gonçalves, que pode ser vista até 5 de abril de 2026.
A possibilidade de existência de comunidades artísticas no coração dos centros metropolitanos é hoje muito diferente. A exposição não faz a apologia da nostalgia, debruça-se antes “sobre o processo que culminou na atual ‘financeirização das cidades’”, para usar as palavras das curadoras. E procura inspirar e interrogar o presente. Não reconstitui, torna “visíveis os fluxos e conexões entre práticas, linguagens e artistas, assim como as colaborações entre gerações.”
A tomada de consciência das mudanças na urbe, na sequência de crises e transformações económicas e políticas, é matéria de reflexão e questionamento. E de procura de caminhos. Procuramos?

Este conteúdo é exclusivo para assinantes, faça login ou subscreva o Jornal Económico