Não temos uma explicação científica, mas dificilmente será por acaso que há tantas cenas marcantes de filmes passadas em estações de comboios, carruagens, naquela cadência que lhe é tão particular. Na literatura também. O comboio sempre exerceu um grande fascínio sobre os humanos. E não será a banalização do avião que nos vai privar deste emaranhado de memórias sobre carris. Umas vividas, outras sonhadas.
E antes que alguém se insurja e classifique o comboio de “coisa nostálgica”, arquelogia industrial, já nos instalámos, confortavelmente, saboreando o tempo como um compasso musical. A proposta é simples. Escolher um itinerário e seguir pela orla costeira ou por entre lagos de um azul intenso. Alasca, Sul da Califórnia, Vietname ou costa amalfitana, sem esquecer a Nova Zelândia.
É nos antípodas que iniciamos este périplo. Na Nova Zelândia, país constituído por duas ilhas principais, a ilha Norte e a ilha Sul, separadas 32 km pelo estreito de Cook. A ilha que nos interessa é a Sul e o trajeto entre Picton e Christchurch. Um banquete pantagruélico de montanhas verdejantes, umas, como em Picton, imponentes, outras, como as Kaikôura, a contrastar com o azul do Pacífico. Onde também cabem as areias em tons rosa das margens do Lake Grassmere, uma lagoa natural à beira-mar usada para a produção de sal. É verdade que pode degustar vinhos neozelandeses a bordo do Coastal Pacific, mas fica a sugestão: saia em Blenheim e explore a região vínica por excelência dos Kiwis, Marlborough. Se preferir a vida marinha e a observação de baleias, então siga viagem até à cidade costeira que tem o nome das montanhas que a protegem, Kaikōura.
Nunca o comboio foi tão sedutor como neste tempo vertiginoso
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De comboio. Serenamente. Paisagens que têm o mar como denominador comum. Eis cinco rotas para explorar em 2026. Sem pressa.