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Novo Banco contrata BCG para fazer a reestruturação pós-2021

A Boston Consulting Group (BCG) vai desenhar o plano estratégico do Novo Banco para 2021-2023. Um projeto de reestruturação e corte de custos coordenado pelo CEO e Chairman com vista a pôr o banco a dar lucro.

O Novo Banco contratou a Boston Consulting Group (BCG) para elaborar o plano estratégico de 2021 a 2023, que o banco irá implementar já depois de concluir o plano de reestruturação acordado com a DG Comp (Direção-geral de Concorrência da Comissão Europeia).
Fonte oficial confirmou ao Jornal Económico (JE) que a BCG ganhou o concurso para elaborar o plano de rentabilização do banco depois de concluída a limpeza do balanço com a ajuda do mecanismo de capitalização contingente do Fundo de Resolução, e depois de a instituição liderada por António Ramalho começar a dar lucro.
A BCG substitui assim a Accenture na elaboração dos medium-term plans (MTP) do Novo Banco. Estes MTP são impostos pelo Banco Central Europeu (BCE) aos bancos supervisonados e cuja revisão anual é obrigatória. O banco, por causa da pandemia Covid-19, fez uma reavaliação a meio do ano do atual MTP, explicou fonte da instituição.
Tal como ficou estipulado no acordo de Bruxelas com o Estado português, assinado no âmbito da venda de 75% do banco ao Lone Star, o fim do período de reestruturação é em 2021, ano em que o banco tem de começar a dar lucros. Portanto, a BCG vai desenhar um plano para os três anos seguintes.
O objetivo do plano estratégico do Novo Banco para 2021-2023 passa por uma reestruturação da rede e do quadro de pessoal, porque o banco tem de valorizar e aumentar a rentabilidade pela via dos custos e receitas, como fazem os outros bancos do sistema.
Este plano estratégico está a cargo da diretora do Novo Banco, Anabela Figueiredo, que há um ano o banco foi buscar ao HSBC. Essa será a líder do projecto que está a ser desenhado pelos partners da BCG Miguel Abecassis e Pedro Pereira. Um projeto coordenado no topo por António Ramalho e pelo chairman Byron Haynes.
Ao JE, o Novo Banco explicou que esta equipa da BCG é a mesma que há um ano e meio ganhou o projeto do novo modelo de distribuição que está em curso. Pelo que “é uma equipa que conhece bem o Novo Banco”.
Tal como avançou o Eco e o JE confirmou, o Novo Banco prepara-se para fechar 20 balcões até final do ano (a rede agora são 375 balcões em Portugal), uma boa parte deles nos centros urbanos. Isto porque a instituição está a implementar um novo modelo de balcões – os “master”, com mais de 600 m2. Isto irá implicar o encerramento de pequenos agências nas redondezas. Os dois primeiros mega-balcões vão abrir até ao fim do ano, um na Avenida dos Aliados no Porto e outro na Avenida da República em Lisboa, no espaço que era o stand da Opel. Trata-se de uma “reconfiguração conceptual dos balcões”, segundo fonte do Novo Banco. “Todos estes balcões estarão dotados de equipamentos digitais para a formalização de operações, de máquinas VTM (Virtual Teller Machine) para a realização de depósitos e levantamentos de notas, moedas e cheques, bem como de espaços para a realização de reuniões com clientes e de eventos em conjunto com a comunidade local”, diz o banco.
A notícia do encerramento de balcões motivou que o Sindicato Nacional dos Quadro Técnicos e Bancários pedisse uma reunião à administração executiva do Novo Banco. O Sindicato liderado por Paulo Gonçalves Marcos quer obter esclarecimentos sobre os compromissos com DGComp e o impacto nos trabalhadores.
Em causa está “o grau de cumprimento dos compromissos com a DGComp e o impacto que terá na dimensão do Novo Banco, nomeadamente no que respeita ao seu quadro de pessoal, cobertura geográfica, serviços financeiros e segmentos de mercado”. O SNQTB diz ainda em comunicado que “tem conhecimento que, nas últimas semanas, o Novo Banco tem vindo a apresentar propostas de reforma antecipada e de rescisão de contratos de trabalho por acordo a um conjunto de trabalhadores”.
Uma outra fonte revelou ao JE que as reuniões iniciais da BCG vão no sentido de redimensionar a rede e o quadro de pessoal e que “os directores de rede já estão avisados que têm que ir pensando em cortes para o ano. Como vai acabar o mecanismo de capital é preciso agora encontrar fontes de fazer resultados”, disse uma fonte que quis ficar anónima.
O presidente do Novo Banco foi confrontado na terça-feira, na audição parlamentar da Comissão de Orçamento e Finanças, com o novo plano de encerramento de agências que estaria para anunciar em breve. “Ao que parece está para anunciar o encerramento de balcões a 31 de outubro. É mais um conjunto de balcões que serão encerrados“, questionou o deputado do PCP Duarte Alves. Na resposta o CEO, António Ramalho, disse que “a verdade é que o mercado está a mudar, as necessidades dos consumidores estão a mudar e é normal que aquilo que é a tradicional distribuição de balcões venha a mudar sobretudo nos centros urbanos. Não tenhamos dúvidas. Estamos a analisar com cautela as transformações em que estamos a trabalhar para um banco novo. É esse banco novo que queremos desenvolver”. 

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