A derrota, prevista pelas sondagens, do Partido Conservador de Boris Johnson no círculo de North Shropshire parece marcar o declínio político do primeiro-ministro britânico – acossado por uma gestão caótica de mais uma vaga da pandemia, pelo escândalo das festas organizadas pelo seu gabinete e pelo não menos escandaloso pagamento de melhoramentos na sua residência.
A única boa notícia – ou talvez a menos má – é que os trabalhistas estão com claras dificuldades em impor o seu atual líder, Keir Starmer, que não consegue capitalizar o descontentamento latente nas hostes dos conservadores.
Os resultados da eleição intercalar para o círculo eleitoral da Câmara dos Comuns de North Shropshire, realizada a 16 de dezembro, eram antecipadamente apresentados como um teste decisivo à capacidade de Johnson manter o rumo que traçou para a sua prestação em Downing Street.
Dificilmente as coisas podiam ter-lhe corrido pior: numa região tradicionalmente rural e intrinsecamente conservadora – exemplo da Inglaterra que votou favoravelmente o Brexit (onde ganhou com 60%) – os conservadores trocaram a maioria muito confortável de 62,7% por um segundo lugar, com 31,6%.
Inversamente, os vencedores, os liberais do Lib Dems conseguiram a vitória com 47,2%, tendo partido dos 10% anteriores. E os trabalhistas, que haviam atingido 22,1% nas eleições anteriores, não foram além dos 9,7%.
Foi uma derrota dos dois principais partidos do arco governativo (quase os únicos), de proporções apesar de tudo semelhantes: os conservadores perderam 50,4% do seu eleitorado e os trabalhistas perderam 44%.
Esta é a tal notícia menos má: os trabalhistas têm agora pelo menos tão pouco interesse quanto os conservadores em enfrentarem eleições gerais antecipadas, pelo que a sua prestação na Câmara dos Comuns será por certo a de não insistirem no tema. Do lado dos liberais, inferir um bom resultado nacional induzido pelo que conseguiram no campo é ainda excessivo.