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Montenegro dá tiro de partida para alívio do IRS

Programa de Governo: Descida do IRS até ao 8.º escalão vai ser aprovada pelo Conselho de Ministros já na próxima semana. Mas medida, que permitirá alívio fiscal de 1.500milhões de euros, tem de passar no parlamento. Primeiro-ministro sinalizou ainda que o Executivo vai iniciar conversações com representantes dos professores e polícias.

O primeiro-ministro deu ontem o tiro de partida para o arranque das negociações com os polícias já nesta sexta-feira e para colocar no terreno a primeira medida do prometido choque fiscal: a redução do IRS até ao 8.º escalão, que vai a Conselho de Ministros na próxima semana.

No primeiro dia do debate do programa de Governo - que inclui 60 propostas da oposição, sendo a maioria (32) do PS e do Chega (13) -, Luís Montenegro revelou que o Executivo vai aprovar uma proposta para baixar as taxas do imposto “sobre todos os rendimentos até ao 8.º escalão”, uma descida que incide sobre a classe média e representa cerca de 1.500 milhões de euros.
A redução do IRS para contribuintes com rendimentos brutos anuais até 81.199 euros, que têm uma taxa marginal de 45%, é para ser aplicada já. Ou seja, aos rendimentos de 2024 para se fazer sentir nos bolsos dos portugueses nas retenções de imposto até ao fim do ano e no acerto de contas com o fisco no próximo ano.

Montenegro indicou que está em causa a proposta de lei que altera o artigo 68.º do Código do IRS, introduzindo uma descida deste imposto sobre os rendimentos até ao 8.º escalão através da redução de taxas marginais entre 0,5 e 3 pontos percentuais face a 2023. E desafiou a oposição a aprová-la, dado que a criação ou as alterações legislativas nos impostos têm necessariamente de passar pelo Parlamento, onde a coligação AD não tem maioria.

“Eu não sei quem é que está em desacordo [sobre baixa do IRS], nesta câmara”, disse o primeiro-ministro. No programa de Governo está prevista a redução do IRS para os contribuintes até ao 8º escalão, através da redução de taxas marginais entre 0,5 e 3 pontos percentuais face a 2023, com enfoque na classe média.

Luís Montenegro anunciou ainda que a ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, vai reunir-se esta sexta-feira à tarde com as estruturas representativas das forças de segurança, E vão também ter início as conversações com representantes dos professores para tratar da reposição do tempo de serviço e das carreiras remuneratórias.

O primeiro-ministro falou por diversas vezes nas palavras “diálogo” e “espírito aberto”, reiterando que está disponível para falar com todas as bancadas, embora tivesse tentado encostar o PS de novo à parede, questionando o seu posicionamento como oposição. A resposta de Pedro Nuno Santos não se fez esperar. Apesar de já ter dito que vai abster-se nas moções de rejeição ao programa do Governo apresentadas pelo PCP e BE, o secretário-geral socialista desafiou o primeiro-ministro a apresentar uma moção de confiança ao documento para ficar a saber de vez qual a posição do PS.

Na resposta, Luís Montenegro acusou Pedro Nuno Santos de estar a “virar o bico ao prego”, alertando que o que está em causa no programa do Governo é se os socialistas têm sentido de responsabilidade ou não. “O PS quis aqui virar o bico ao prego. Vamos contextualizar a situação: O PS não quer inviabilizar a formação do Governo e eu respeito e saúdo essa decisão. Mas, conferindo ao Executivo capacidade para iniciar a sua atividade, isto quer dizer que o Governo deve ter condições para executar um programa que não se quis rejeitado”, rematou Montenegro.
“Isso não é caucionar toda a ação do Governo, porque os deputados terão de avaliar em cada momento a bondade das nossas propostas e a consequência da sua eventual não aprovação, até ao momento em que eventualmente decidirão que o executivo não deve continuar a governar. Nessa altura, devem apresentar uma moção de censura”, sublinhou ainda.
Já André Ventura, líder do Chega, acusou Luís Montenegro de se ter apresentado no Parlamento sem “humildade” e de estar a querer criar uma crise política.

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