Mais de 17 milhões de eleitores (incluindo mais de 333 mil recenseados no estrangeiro) vão eleger o presidente da república de Moçambique, os membros do novo Parlamento, assembleias e governadores provinciais. À partida, são quatro os candidatos a presidente – num país onde a figura do topo da hierarquia política é que tem verdadeiramente na sua posse a condução do país.
O candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), no poder desde a independência do país (há quase 50 anos), é Daniel Chapo, de 47 anos, escolhido pelo partido para suceder ao atual presidente Filipe Nyusi, que depois de dois mandatos não pode concorrer novamente. Por maioria de razão, Daniel Chapo é o candidato com maiores hipóteses de vencer: afinal cinco décadas é muito tempo, e o desgaste político que um partido há tantos anos no poder poderia sofrer ainda não fez grande estragos. De algum modo, a posição da FRELIMO está ainda mais consolidada que a do MLPLA em Angola – no poder mais ou menos desde a mesma altura, mas que tem dado mostras de algum ‘cansaço’.
O candidato apoiado pela Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), o maior partido da oposição, é Ossufo Momade, de 63 anos, presidente do partido – cargo que já ocupava desde 2018, quando sucedeu ao falecido líder histórico Afonso Dhlakama. Outros oito pequenos partidos sem assento parlamentar, apoiam a candidatura de Momade – que, dizem os analistas, tem mesmo assim poucas hipóteses de ser eleito.
O Movimento Democrático de Moçambique (MDM), o segundo maior partido da oposição, apresenta ao país a candidatura de Lutero Simango, de 64 anos. Lutero Simango, também ele líder do partido desde a morte do irmão, Daviz Simango, em 2021 (e candidato à presidência pelo partido em 2019).
Finalmente, o quarto candidato é Venâncio Mondlane, de 50 anos, ex-membro do MDM e da RENAMO, apoiado pelo Partido Otimista para o Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS) e pelo Revolução Democrática (RD), duas pequenas formações que, segundo a imprensa moçambicana, apostam especialmente nos jovens.
Para a Assembleia Nacional concorrem 37 partidos e coligações. Ou mais propriamente, concorrem FRELIMO, RENAMO, MDM e mais 34 formações. Neste momento, são apenas estes os partidos que se sentam na Assembleia Nacional (com 144, 89 e 17 lugares, respetivamente) – e não é certo que haja novas entradas.
As eleições vão contar, segundo dados oficiais, com 11.516 observadores nacionais e 412 observadores internacionais – incluindo missões de Observação Eleitoral da UE, da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), da União Africana e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).
Em 2019, os dados oficiais deram a Nyusi 73% dos votos e à FRELIMO uma maioria absoluta a todos os governadores. Segundo a maioria dos comentadores, a corrupção, a pobreza, a desigualdade social e o terrorismo em Cabo Delgado são os quatro grandes temas que lideram as preocupações dos moçambicanos. Refira-se que a economia deverá crescer 5,2% este ano, mais do que em qualquer outro dos países de expressão oficial portuguesa – mas nada indica que seja suficiente para resgatar a população da pobreza – que atinge 65% dos habitantes de Moçambique, segundo dados da Estratégia Nacional de Desenvolvimento. Ao contrário do que sucede na maioria dos países com eleições previstas para este ano, as sondagens não deverão falhar: não há qualquer estudo conhecido sobre as intenções de voto dos moçambicanos.