A Maxyield - associação dos pequenos acionistas, comentou a Oferta Pública de Aquisição da Visabeira sobre a Martifer.
A Maxyield diz em comunicado que "aguarda a divulgação obrigatória do relatório do Conselho de Administração da Martifer sobre os projectos de prospeto e de anúncio de lançamento da OPA, que por razões de boa fé e lealdade de comportamento, não pode deixar de abordar de forma detalhada, as condições da Oferta".
"A transparência do mercado, recomenda que o prospeto de registo da OPA, justifique devidamente o preço da oferta e a questão da equitatividade da contrapartida", alerta a associação liderada por Carlos Rodrigues.
"A salvaguarda do valor fiduciário dos pequenos acionistas e investidores, pode e deve ser observada por todos os intervenientes, prestigiando o funcionamento e confiança no mercado de capitais português", apela a Maxyield.
Por outro lado, diz, "a situação exposta, configura um quadro, em que a CMVM pode recorrer a um auditor independente para fixação da contrapartida mínima", refere a associação.
"É convicção desta Associação de Defesa dos Investidores, que o contexto referido é suscetível de revisão do preço da Oferta, sendo expectável o aumento da contrapartida pelo capital que o Oferente [Visabeira Indústria SGPS] pretende adquirir, criando condições mais favoráveis ao eventual desenvolvimento da operação", defende a Maxyield.
A Maxyield diz que não é contra a OPA, que "é um evento de mercado legítimo e devidamente regulado pelo Código dos Valores Mobiliários", nem contra os "subsequentes mecanismos de aquisição potestativa a que o Oferente pretende recorrer". Mas, "pelas razões expostas, a Maxyield é claramente contra o baixo preço da oferta e em tempo oportuno tomará as posições que a evolução do processo venha a recomendar".
A Martifer, com uma capitalização bolsista superior a 100 milhões, um crescimento mensal de 8,8% e um aumento anual anual de 34,7%, foi objeto de OPA em 5 de Agosto pela Visabeira Indústria SGPS pelo valor de 2,057 euros por ação, cujo montante é inferior aos valores transacionados desde o mês de Maio
A I'M SGPS detém uma participação de 48,09% na Martifer, enquanto a Mota-Engil controla 37,5%.
A Visabeira Indústria SGPS pretende adquirir as ações e respetivos direitos de voto representativas do capital da Martifer, que não sejam detidas pela Oferente, nem pela I'M SGPS e a Mota-Engil, acionistas com participações qualificadas, que se estão ligados num acordo parassocial tripartido envolvendo 85,5% do capital da sociedade visada, com produção de efeitos sujeita à não oposição da Autoridade da Concorrência, tendo feito o anúncio preliminar de OPA geral e obrigatória a 5 de Agosto deste ano.
O capital social é constituído por 100 milhões de ações ao valor nominal de 0,5 euros, dispondo a Martifer de 2,2% em ações próprias, "sendo que esta parcela não deve ser computada no apuramento do limite de acesso à aquisição potestativa".
O preço da oferta no montante de 2,057 euros por ação, está em torno do valor médio ponderado das ações transacionadas em mercado regulamentado, nos seis meses imediatamente anteriores à data da publicação do anúncio preliminar.
"No entanto, devido à trajetória crescente da cotação, este preço encontra-se abaixo dos valores de fecho desde o mês de Maio de 2025 (inclusivé) e correspondente aproximadamente a 3 meses anteriores à data de apresentação da OPA", refere a Maxyield.
Tendo em consideração que o volume total de transações registadas ao longo do primeiro semestre de 2025 foi de 3.231.580 ações, este valor corresponde a uma média diária de 26.930 transações e 0,18% do free float, pelo que estamos num contexto de reduzida liquidez da ação, tornando o preço da Oferta numa contrapartida não equitativa.
"Por outro lado, a Martifer apresenta um desempenho económico e financeiro que corresponde a uma valia empresarial superior ao valor da Oferta, sendo que os fundamentais da empresa mostram que a contrapartida indicada pelo Oferente é injusta e não tem justificação", argumenta a Martifer.