Trabalha numa bomba de gasolina e quer tornar-se programador informático? O programa PRO_MOV pode ser a via verde para essa mudança. O programa oferece a possibilidade de requalificar para uma nova função, garantindo oportunidades de emprego, no final.
O PRO_MOV junta empresas (a Sonae foi uma das fundadores, tal como a Nestlé e a SAP) e o Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP). Esta quinta-feira, 9 de novembro, o programa dá mais um passo com a assinatura da parceria entre o Estado, via IEFP, e cerca de 50 empresas e associações, entre as quais a Sonae, SAP e Nestlé, BRP – Associação Business Roundtable Portugal e CIP. Ao grupo alia-se ainda um conjunto de parceiras, que têm um papel importante em cada um dos sete laboratórios de formação.
O memorando de entendimento vai ser assinado esta tarde, nas instalações do IEFP em Xabregas, Lisboa, participando a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social e o secretário de Estado do Trabalho, Ana Mendes Godinho e Miguel Fontes, o presidente do IEFP, Domingos Lopes, o administrador da Sonae, João Günther Amaral, o diretor-geral da SAP, Nuno Saramago, a CEO da Nestlé Portugal, Anna Lenz, bem como Nuno Amado, da direção da Associação Business Roundtable Portugal, e João Almeida Lopes, vice-presidente da CIP.
“A CIP associa-se ao PRO_MOV por três razões basilares: o programa contribui para um maior alinhamento da procura versus oferta de competências, promove a reintegração dos portugueses no mercado de trabalho e constitui-se ainda como um excelente exemplo de associativismo empresarial”, explica Armindo Monteiro, presidente da CIP, estrutura que se junta agora à iniciativa e a impulsiona dado o que representa: cerca de 150 mil empresas que empregam 1,8 milhões de trabalhadores e geram um volume de negócios correspondente a 71% do PIB.
“A responsabilidade que hoje formalizamos publicamente representa um forte compromisso do tecido empresarial nacional, em particular dos nossos associados e empresas externas que trouxemos para o programa, nos portugueses, mas também no País, pois só com pessoas mais qualificadas e realizadas conseguiremos ultrapassar os desafios do mercado de trabalho e alcançar os níveis de crescimento, remuneração e bem-estar social que todos tanto desejamos”, afirma Vasco de Mello, presidente da Associação BRP.
A Associação BRP representa 41 dos maiores grupos empresariais em Portugal, geradores de receitas de 124 mil milhões de euros e criadores de 424 mil empregos, que pagam duas vezes o salário médio do sector privado e investem mais de 10 mil milhões de euros.
Necessidades de requalificação
PRO_MOV é uma oportunidade de regressar ao mercado de trabalho, com perspetivas de um emprego estável dado que a requalificação faz-se em profissões necessárias e identificadas pelas empresas. Programa quer garantir empregabilidade superior a 75 % para formandos em situação de desemprego.
O programa concentra-se em sete sectores de atividade/laboratórios: Laboratório de Indústria (liderado pela Nestlé), Laboratório de Agricultura (liderado pela Sogrape), Laboratório Digital (liderado pela SAP), Laboratório Green Jobs (liderado pela EDP), Laboratório de Vendas (liderado pela DELTA), Laboratório de Healthcare (liderado pela CUF e Hovione) e Laboratório de Business Intelligence (liderado pela Worten).
Cada laboratório desenha as formações em colaboração com um conjunto alargado de empresas parceiras, em profissões tão diversas como software developer, eletricista de instalações sustentáveis, network & cybersecurity administrator, auxiliar de ação médica, técnico analista na área da saúde, assistente especializado de contact center ou operador agrícola especializado.
João Günther Amaral, administrador executivo da Sonae e líder do conselho coordenador do PRO_MOV, explicou em julho último, em entrevista ao Jornal Económico, que o IEFP é a entidade formadora, mas também há formação em contexto de trabalho junto das empresas e, no final, procura-se a colocação das pessoas já qualificadas junto das parceiras ou de outras empresas.
“O PRO_MOV está já a permitir aos seus participantes abrir novas perspetivas de carreira e de realização pessoal e profissional, podendo estes ambicionar a melhores salários e qualidade de vida”, salientou.
O administrador executivo da Sonae destacou o duplo objetivo do programa: garantir a colocação das pessoas, a competitividade das empresas e o futuro do país. "A requalificação profissional para os empregos de futuro é estratégica para o crescimento e desenvolvimento do País. Conferir mais e melhores competências aos portugueses é uma mais-valia para todos: Estado, empresas e pessoas".
O PRO_MOV é a primeira iniciativa em Portugal do programa R4E – Reskilling 4 Employment, criada pelo ERT - European Roundtable for Industry, que junta cerca de 60 CEO e presidentes de empresas. Segundo dados da ERT, é preciso requalificar 20 milhões de europeus até 2030, existindo mais de 5 milhões de vagas de emprego por preencher e 11 milhões de desempregados há mais de seis meses. A ambição do R4E é ajudar na requalificação de 1 milhão de europeus até 2025.
Em Portugal segundo o estudo O Futuro do Trabalho em Portugal: O imperativo da requalificação, da NOVA SBE em colaboração com a CIP, entre 700 mil e 1,8 milhões de trabalhadores vão ser obrigados a mudar de ocupação e/ou adquirir novas competências até 2030.