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João Manso Neto: “Nunca devemos entrar numa zona de protecionismo contra a China”

O CEO da Greenvolt defendeu esta terça-feira na conferência de aniversário do Jornal Económico que a Europa deve ser independente dos Estados Unidos no que respeita a China. Criticou a decisão de Donald Trump de revogar licenças a projetos eólicos offshore.

João Manso Neto considera um retrocesso a decisão de Donald Trump de impedir o desenvolvimento das eólicas offshore, mas vê oportunidades para a Europa e para a empresa que lidera.

“Nós até beneficiamos desse efeito com a redução da atividade dos produtores eólicos”, afirma o CEO da Greenvolt na conferência anual do Jornal Económico, que decorre na AESE, em Lisboa, intitulada “9 Chaves para a Europa.

A  agência Bloomberg noticiou já este mês que a administração Trump planeia revogar as licenças a dois  projetos eólicos offshore da Iberdrola, New England Wind 1 e 2, em Massachusetts.

“Os Estados Unidos estão a fazer mal, a Europa deve seguir e terminar o seu caminho”, afirma Manos Neto.

O que o preocupa não é isso, confessa, o que o preocupa, afirma, é que “a Europa ponha em questão o seu paradigma: o livre comércio”. E cita o casos dos componentes e das baterias, onde a China é líder do mercado. Se nos fechássemos seria “um grande problema” porque não existe oferta na Europa nesse campo.

A perspetiva de Manso Neto é que a Europa deve defender a sua vantagem na eólica e não jogar nunca em cartel. “Nunca devemos entrar numa zona de protecionismo contra a China”, salienta.

Entrevistado pelo jornalista do JE, André Cabrita-Mendes, sobre "A revolução energética europeia", a sétima chave da conferência, Manso Neto disse que a  transição energética passa por eletrificar mais o consumo sobretudo em áreas como transportes, aquecimento e arrefecimento e pôr o peso das renováveis ser cada vez maior na produção.

Referiu também que é preciso que haja potência térmica que esteja na base e complemente as renováveis, salientando o papel do gás natural neste contexto. “O gás natural vai continuar a ser importante, é preciso. Mais eletrificação sim, mas gás natural é preciso”.

Sobre o hidrogénio verde opina que não basta dizer que se vão fazer gasodutos de Portugal para a Alemanha. É preciso estudar o assunto. A substituição de hidrogénio cinzento por hidrogénio verde provavelmente, a melhor forma de empregar o hidrogénio hoje para reduzir as emissões à escala europeia está ainda longe de ser rentável. "A substituição precisa de alguns subsídios, mas é necessária", refere.

Sobre a rede elétrica, não tem dúvidas: "não está explorada ao máximo. Não digo que não seja necessário mais investimento na rede, digo que não está explorada ao máximo".

A ERSE Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos quer acabar com a obrigação de permanência de 12 meses na escolha de opções tarifárias. A medida integra a proposta de revisão do Regulamento Tarifário do Setor Elétrico e visa dar maior flexibilidade aos consumidores na contratação de eletricidade no mercado liberalizado. Manso Neto aplaude. “Esta a ir no bom caminho", sublinha.

Greenvolt, empresa do portefólio KKR, é um Grupo de energia 100% renovável que opera em 20 geografias na Europa, América do Norte e Ásia. Atua no setor das energias renováveis, oferecendo soluções renováveis em três segmentos de atividade: Biomassa Sustentável – produzindo energia a partir de resíduos florestais e resíduos urbanos lenhosos em sete centrais em Portugal e no Reino Unido; Utility-Scale – desenvolvendo projetos eólicos, solares fotovoltaicos e storage de grande dimensão em vários mercados europeus, nos EUA e Japão, com um pipeline total de 13.2 GW; Geração Distribuída – apostando em soluções B2B para instalação, manutenção e financiamento de projetos de energia solar fotovoltaica para autoconsumo individual e coletivo, bem como mobilidade elétrica, LED, rooftopscarports, baterias, em várias geografias da Europa e Indonésia.

A conferência do Jornal Económico lança as bases das celebrações  dos 40 anos da assinatura do tratado de adesão de Portugal à CEE, que se comemora a 1 de janeiro de 2026.